“O bambu hoje ainda é subutilizado por falta de conhecimento técnico, podemos utilizá-lo como estrutura de pequeno e médio porte, também há pesquisas que comprovam sua eficiência na substituição do aço em estruturas de concreto armado”, atesta Edoardo Aranha, um dos maiores especialistas do País em estudos do bambu na construção civil.

Entre uma diversidade de vantagens já conhecida pelos povos da Ásia, o bambu oferece economia desde o uso estrutural até quando utilizado no acabamento da edificação. Aranha destaca que por ser um material primário e não passar por um processo industrial o bambu pode reduzir o custo da obra.

No projeto é preciso que o uso do material seja planejado de maneira adequada, com desenhos que respeitem suas propriedades mecânicas e que valorizem um processo de desenho serial. Outros fatores que determinam essa economia são a proximidade e facilidade de encontrar o material e disponibilidade de mão de obra especializada. A variação da economia final varia de caso a caso, lembrando sempre da importância de um bom projeto e da recomendação de se utilizar bambus tratados de forma correta.

O arquiteto diz que o bambu pode ser incorporado ao processo construtivo desde o início dos trabalhos. Pode ser utilizados mesmo na construção de residências, galpões, construções de pequeno e médio porte, substituindo a madeira e/ou estrutura metálica. Em relação à padronização da seleção e uso das toras, Aranha chama a atenção para as especificidades do projeto. “Acho adequado sempre pensar em desenho modular para potencializar o uso, pensando em uma fácil substituição de peças caso alguma tenha algum problema futuro”, afirma.

O bambu, assim como outros tipos de madeira, tem várias aplicações, desde escoras na fase inicial da construção, até mesmo em delicadas pastilhas ou folhas de papel de parede como revestimento. É possível pensar em uma construção pré-fabricada de bambu modular do piso ao teto, com portas, paredes e cobertura desse material.

“E se for pensado como laminado, tanto o desenho quanto as possibilidades construtivas pode-se realizar a substituição completa da madeira na construção, mobiliário, etc.”, diz. Entre os materiais que podem levar o bambu na composição estão placas de concreto celular para paredes, vedações orgânicas (pau a pique) e uma infinidade de opções, sozinha a madeira aparece em pisos laminados de bambu bastante resistentes e de alto valor estético.

Versatilidade

Pesquisadores do Brasil e do mundo já descobriram o potencial dessa madeira. A popularização do uso depende do acesso à matéria-prima e, para determinados usos, da disponibilidade de mão de obra. Em países como Colômbia e Equador o bambu é bastante usado na construção civil e, para a surpresa de muitos, pode ser utilizado na estrutura e acabamento de edificações de até sete pavimentos.

Enquanto isso, pesquisadores continuam apontando novas possibilidades. Aranha cita o desenvolvimento do biocreto de bambu (concreto com raspas de bambu como agregado em substituição das britas), das placas de lascas de bambu com resina de mamona para substituição do madeirite e do carvão de bambu, material utilizado em larga escala para a limpeza de afluentes. Além dessas inovações, a madeira é bastante usada em substituição ao aço em estruturas de concreto na forma de bambu armado, em tubos para condução de água e drenagem.

Em decoração, o bambu aparece em divisórias, papel de parede e outros tipos de revestimento, mobília e objetos decorativos. Já na forma nativa serve para prevenir a erosão, oferece sombreamento e serve de quebra-vento, além de abrigo para a vida animal e de alimento, inclusive para o homem.

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