Na metade da década de 90, começaram a surgir os green buildings, empreendimentos sustentáveis com autogeração de energia e mecanismos de eficiência energética. “Quando falamos em um prédio sustentável, nos referimos a edifícios que geram um impacto bem menor no meio ambiente, mas também que fornecem ambientes mais confortáveis e saudáveis e com um custo menor de operação.

É preciso qualidade sem sacrificar conforto em benefício de redução de custo de operação ou meio ambiente”, explica Guido Petinelli, arquiteto e consultor especializado em certificação LEED, que palestrará sobre o tema na Conferência Internacional de Energias Inteligentes – Smart Energy 2015, que ocorre nos 19 e 20 de outubro, no Bourbon Cataratas Convention & Spa Resort, em Foz do Iguaçu, Paraná. A palestra “A visão energética do LEED para o Setor Público e Privado”, ocorrerá no dia 20, das 13h30 às 14h.

Qualquer prédio pode ser construído de uma forma mais sustentável, mas os green buildings possuem uma certificação. A mais usada em todo o mundo é  o selo LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), concedido pela Green Building Council (GBC), organização não-governamental com sede nos Estados Unidos, responsável por reconhecer as melhores práticas na construção sustentável, que chegou ao Brasil no ano de 2008 – quando o primeiro prédio do país foi certificado.

Em menos de dez anos, o mercado de empreendimentos sustentáveis no Brasil cresceu muito. De acordo com o consultor Guido Petinelli, hoje existem 300 já certificados e mil edifícios em processo de certificação. “O Paraná é o terceiro estado em certificação (7%), só perdendo para Rio de Janeiro (18,3%) e São Paulo (55%), que são mercados muito maiores”, compara Petinelli.

Com quatro níveis de pontuação (certificação, prata, ouro e platina), a certificação LEED atesta que o empreendimento é realmente  sustentável, estabelecendo uma série de critérios. “Isso é importante porque o arquiteto fala uma língua, o engenheiro outra, a construtora outra. A certificação estabelece um roteiro, o que é e como medir o desempenho de sustentabilidade nas edificação. E quanto maior o desempenho, melhor o nível de certificação que o empreendimento obtém”, esclarece o arquiteto.

LEED e a transformação no mercado de construção

De acordo com Petinelli, a certificação é uma importante ferramenta para a transformação no mercado da construção civil. “Como ela mede a performance e recompensa, faz com que o mercado busque cada vez mais melhores práticas e melhor desempenho. Você começa e tem dificuldade em redução de 20% de energia, mas o teu concorrente chegou a 25%, então, você se empenha para chegar em 30%”, explica. “Depois que você constrói um prédio que é 30% mais eficiente, raramente volta a construir um prédio no padrão antigo, até porque a intenção é reduzir o consumo de energia com o menor investimento adicional possível. Hoje, nós construímos edifícios que consomem 50% menos energia sem custo extra”, revela.

Na hora de construir um green building, o primeiro passo é a eficiência energética, que torna mais viável a geração local de energia renovável. “Quanto mais eu reduzo meu consumo, menos painéis fotovoltaicos eu preciso, por exemplo, logo, precisarei de uma geração menor de energia e ganharei duas vezes, pois estou reduzindo meu custo de operação”, comenta o arquiteto.

Portanto, investir em um green building não signfica, necessariamente, um custo de obra muito maior. Petinelli esclarece que uma redução de 50 a 60% de energia e autogeração, pode chegar a uma autosuficiência do prédio, gerando um custo zero de operação e custo adicional de obra de 10%. “Por ser um sistema complexo, eu tenho como otimizar a relação entre todos os aspectos. Se eu reduzo o ganho de calor por meio de um sistema de fachada melhor, esse sistema de fachada tem um custo adicional, mas, ao reduzir a carga térmica, eu não só reduzo o custo de operação de um sistema de ar condicionado, como eu diminuo a quantidade de ar condidicionado que eu preciso.  O custo final é da fachada mais o ar condicionado. Logo, muitas vezes nós conseguimos chegar no zero a zero assim: se eu tenho um sistema de ar condicionado menor, tenho um menor custo de operação” ressalta.

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