O discurso do encarecimento do empreendimento imobiliário com ativos ecologicamente sustentáveis começa a diminuir entre as construtoras de todo o Brasil. Segundo estudo da Universidade São Paulo (USP), o empreiteiro pode reduzir em até 30% o custo da obra com uso mais racional de materiais.

Além disso, um empreendimento verde pode valer até 10% mais que uma construção convencional, de acordo com o professor doutor do Núcleo de Real Estate da Poli-USP, Claudio Tavares Alencar. Com isso, os custos operacionais podem recuar em um terço, revertendo-se em economia.

[pull_quote_center]As perdas de materiais dentro da obra podem chegar a 1/3  por utilização inadequada[/pull_quote_center]

De opinião similar partilha o professor de engenharia civil da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roger Lamber. Segundo o acadêmico, o custo maior para compra de itens como vasos sanitários que diminuem consumo de água, torneiras inteligentes e construção de um local para captar água pode ser diluído.

[pull_quote_right]No Brasil, só 31% das construtoras afirmam comprar materiais reciclados.[/pull_quote_right]

Exemplo de planejamento sustentável, a construtora mineira Eldorado começou em 2012 um plano para construção de lojas de rua sustentáveis. Segundo o presidente da empresa, Emerson Souza, o custo para construção foi 7% mais alto, mas a valorização do imóvel chegou a quase 20%. “Isso porque as lojas apresentavam 50% de economia de água, 17% de energia elétrica.”

Entre os detalhes sustentáveis da obra estavam um espaço para armazenar até 100 mil litros de água de chuva, para uso na limpeza da loja, nos vasos sanitários e manutenção do jardim. Além disso, a construtora fez o telhado da loja adaptado para captar luz solar. Com dez lojas construídas nesse modelo, Souza projeta cinco novas construções em 2015.

Crise hídrica

A preocupação com a escassez da água em estados como São Paulo e Minas Gerais também é combustível para mais atenção das empreiteiras na hora de construir. De acordo com o especialista em avaliações e perícia, diretor da Figueiredo & Associados, Flavio Figueiredo, existem soluções simples que diminuem o consumo de água nos canteiros. “Para reduzir o consumo de água em canteiros de obras é importante tomar medidas como a verificação de vazamentos nas instalações, utilizar equipamentos que tenham bom desempenho no uso de água, evitar o uso de água potável em ações como teste de impermeabilidade.”

[quote_box_center]TORNEIRAS –  Manqueiras despersiçam muita água. Uma dica é planejar as torneiras para que as mangueiras não precisem ser longas, diminuindo os vazamentos.[/quote_box_center]

Com relação ao desperdício de materiais dentro do canteiro de obras, Figueiredo destaca a importância de se criar campanhas para conscientizar os trabalhadores. “É a partir da conscientização de todos os envolvidos no trabalho que os objetivos em relação à redução de desperdício serão alcançados. Contudo, o processo de conscientização deve ser contínuo, salientando que as ações sustentáveis fazem bem para toda a sociedade”.

A Brookfield Incorporações também aumentou a atenção às ações sustentáveis. Segundo o diretor de incorporação da empresa, José de Albuquerque, o grupo traz em todos seus canteiros obrigações como lava-bicas, lava-rodas, coleta seletiva, proteção de vegetação, envio do monitoramento mensal dos indicadores de meio ambiente (que incluem consumo de água e energia e a geração de resíduos da obra).

De acordo com o executivo, um exemplo recente de cuidados com o meio ambiente dentro da empresa é o HorizonResidence Premium, que será entregue esta semana em Campinas. Segundo Albuquerque, o empreendimento foi concluído com economia no orçamento. “Um dos itens que contribuiram para essa economia foi a reciclagem de materiais em parceria com cooperativas, que permitiu reduzir o uso de caçambas, economizando 32%. Além disso, uma boa organização e transporte de blocos, para evitar perdas, gerou uma economia de 13%.”

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