A construção civil encerra 2015 com uma retração maior que a esperada, mas olhando para a frente e buscando alternativas que permitam sua recuperação em 2016. Nossa expectativa é que sejam criadas as condições para a retomada do investimento, com produtividade e competitividade, processo que deve ter como base a qualificação do gasto público; a combinação de redução da burocracia com a melhoria dos marcos regulatórios; e a ampliação do mercado para que mais empresas, e de diversos portes, possam atuar. Sem reformas estruturais e uma nova visão do papel do Estado o Brasil não sairá da paralisia em que se encontra, nem cumprirá sua vocação natural para o protagonismo e o desenvolvimento. Nós acreditamos no Brasil e na sua capacidade de vencer desafios. O momento exige capacidade e determinação de todos nós para enxergar e perseguir um horizonte para o futuro. Construir é nossa vocação e também nossa maneira de contribuir com a sociedade.

O ano que ora se encerra foi pleno de desafios e turbulências, com uma dinâmica há muito não vista no Brasil. A sucessão e ampliação das crises, seja na economia, seja na política, nos deixa a sensação de termos sido atropelados por uma realidade em que as graves consequências de decisões equivocadas se misturam aos primeiros passos de uma refundação necessária, baseada principalmente no compromisso com a ética e com a qualificação. As fragilidades que hoje traduzem o Brasil embutem as forças determinantes para o futuro do nosso povo. Para o futuro da construção.

Acostumados a olhar sempre para a frente, a enxergar a vida em horizontes de médio e longo prazos, nós, construtores saímos de 2015 maior do que entramos. As muitas e diversas dificuldades que enfrentamos nesse ano, que culminaram na perda quase meio milhão de postos de trabalho, nos fortaleceram institucionalmente e servirão de referência para a retomada que buscaremos no próximo ano. É na dificuldade que crescemos, seja cultivando o espírito de união e solidariedade; seja descobrindo mecanismos novos para sermos ainda mais competitivos e eficientes. As empresas do setor crescem, amadurecem, e a CBIC cresce junto. Nossa história foi construída por nossos associados e levada em frente pelos ex-presidentes da CBIC, sempre associada à defesa do bem comum e de uma atuação pautada pela ética.

Os desafios desse 2015 nos tornaram mais capazes, mais produtivos e mais unidos. Esses atributos www.cbic.org.br serão o combustível do esforço que faremos em 2016 para recuperar o desempenho do setor e seu papel na geração de emprego e renda. Esse é um dos nossos compromissos mais importantes, especialmente no momento em que lamentamos a perda de tantos trabalhadores que compartilharam e trabalharam conosco para alavancar a economia brasileira. Esses brasileiros, e suas famílias, que ora perderam seu sustento, haverão de ser resgatados em um movimento de reconstrução do país.

AÇÃO COORDENADA EM TODAS AS FRENTES

No próximo ano, avançaremos na articulação dos temas mais importantes da agenda do setor, tendo como perspectiva o interesse público e a contribuição para o início de um ciclo virtuoso no Brasil. A pauta da construção está diretamente ligada ao sonho e às conquistas do cidadão – falo do acesso à casa própria; da oferta de serviços públicos de melhor qualidade; da garantia efetiva de direitos trabalhistas e das condições para o empreendedorismo. Continuaremos mobilizados para fazer deslanchar as próximas etapas do programa Minha Casa Minha Vida, que tem papel estratégico no enfrentamento do déficit habitacional e tornou-se a porta para o tão sonhado acesso à casa própria pela população menos favorecida. Um programa com essa missão não pode ser descontinuado e faremos o esforço necessário para que sua execução avance.

A agenda da construção civil envolve, como prioridade, a regulação de temas com forte impacto sobre a vida do brasileiro e que exigem modernização. Apoiaremos uma reforma da Previdência que adote a idade mínima para aposentadoria como ferramenta de reequilíbrio e garantia de benefício ao cidadão – a modernização da Previdência é essencial para o futuro do Brasil e dos brasileiros, cuja expectativa de vida é cada vez maior em um cenário de incapacidade para o atendimento desse compromisso. Nossas prioridades incluem, ações ainda mais determinadas no combate à informalidade e na defesa de uma reforma trabalhista que aperfeiçoe o mercado de trabalho brasileiro – é preciso estimular a formalidade na construção, invertendo a lógica que penaliza o trabalhador; e renovar a relação entre o trabalhador e seu empregador. A construção apoiará uma reforma trabalhista que proteja, efetivamente, o direito do funcionário, em uma sociedade cada vez mais mecanizada e tecnológica. O Brasil de hoje, e o do futuro, não pode conviver com uma legislação ultrapassada e que não contempla as mudanças impostas pela globalização e pelas novas tecnologias.

INVERSÃO DE EXPECTATIVAS

Além disso, avançaremos na direção das concessões e parcerias público-privadas – a construção civil apostou fortemente na sua qualificação e reúne todas as condições necessárias para atuar como player importante nesses projetos. O debate técnico que deflagramos com o governo federal e seus diversos atores deverá resultar em uma modelagem que abra esse mercado para todos, desconcentrando projetos que podem alavancar a recuperação da economia brasileira. Trabalharemos, ainda, e com o mesmo empenho, na busca de novas modalidades e fontes de financiamento para o mercado imobiliário e para a regularização dos pagamentos de obras públicas, especialmente no segmento da infraestrutura. Manteremos uma ação coordenada e coesa, voltada para todos os segmentos da construção civil. Quando a construção cresce, o Brasil e seu povo crescem junto. Esse é o nosso horizonte.

A construção civil entende que sem reformas estruturais o Brasil não reverterá o retrocesso atual. Temos mantido diálogo produtivo com o governo federal e seus diversos atores, pautando o debate técnico dos temas da agenda do setor. Recebemos com confiança as primeiras declarações de Nelson Barbosa, recém-empossado no Ministério da Fazenda. Seu posicionamento vem ao encontro das preocupações do nosso setor, um dos mais prejudicados pela deterioração da economía brasileira. Barbosa tem todas as condições de conduzir o debate e nós daremos nossa contribuição. Esperamos que ele tenha o respaldo efetivo, e necessário, para atuar e construir os resultados que todo o país espera. Não deixaremos de criticar tudo aquilo que a experiência tem demonstrado não funcionar mais no Brasil; tudo o que for contra o empreendedorismo e a livre iniciativa. Estaremos sempre, e antes de tudo, a favor do Brasil.

Confiantes no futuro do país, fomos surpreendidos pelos resultados de 2015. Mesmo nossas previsões mais pessimistas foram superadas, em muito, pela realidade. Esperamos errar novamente em 2016: que a perspectiva negativa que ora se renova transforme-se nos primeiros passos para a recuperação do nosso pais.

JOSÉ CARLOS MARTINS, Presidente da CBIC

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