O setor imobiliário dos EUA passou boa parte da última década preocupado com os hábitos de consumo dos jovens. A lenta entrada dessa geração no mercado imobiliário é muitas vezes atribuída à sua preferência pelas grandes cidades, à tendência a se casar mais tarde e à crescente dívida estudantil.

Agora que a geração Y começou a entrar no mercado imobiliário dos EUA, a Zillow Group inventou um novo modo de vender-lhes casas — com uma ajudinha da matemática.

A imobiliária virtual com sede em Seattle, EUA, lança nesta terça-feira um novo portal criado para ajudar clientes de primeira viagem a passarem pelo processo de comprar uma residência. Chamado realestate.com, seu funcionamento é muito parecido com o do site principal da Zillow, com uma ferramenta de pesquisa para consultar os anúncios por preço e lugar, além de propagandas de imóveis e imobiliárias específicas (a Zillow adquiriu este invejável nome de domínio quando comprou a Trulia por US$ 2,5 bilhões; a Trulia obteve a URL em uma aquisição anterior da empresa de software Market Leader).

A principal diferença é que o novo site está montado em torno de uma calculadora de orçamento que computa parcelas de hipotecas, impostos do imóvel e outros custos de transação, e os processa para reuni-los em uma única cota mensal. A ideia é que os usuários possam comparar facilmente o custo de possuir ou de alugar uma residência. O site está disponível em inglês, espanhol e mandarim, um reconhecimento da diversidade da geração Y.

“Não pretendíamos criar um Snapchat para os imóveis”, disse Jeremy Wacksman, diretor de marketing da Zillow. “Queríamos criar algo útil.”

A abordagem com foco no orçamento surgiu a partir de pesquisas sobre compradores de primeira viagem, que equivalem a 42 por cento de todos os compradores de residências, de acordo com dados da companhia. Ao mesmo tempo, apenas 46 por cento dos compradores compram a primeira casa pela qual fizeram uma oferta. Geralmente as pessoas que estão comprando uma residência pela primeira vez subestimam os custos da transação e outras despesas, o que suscita um imprevisto no último minuto da compra, disse Wacksman.

Esta não é a primeira tentativa do setor para atrair a geração Y. Durante anos, a Associação Nacional de Corretores Imobiliários dos EUA manteve um “guia prático” para ajudar os corretores a entenderem os compradores dessa geração. As startups também tentaram, em geral com serviços com nomes deliberadamente parecidos com os dos aplicativos de encontros (como “o Tinder dos imóveis”; “eHarmony para comprar uma casa”).

Existem várias calculadoras de hipotecas na internet. Atravessar o processo para comprar uma residência é muitas vezes frustrante e difícil, mas uma experiência melhor para o usuário não vai resolver o maior problema dos compradores de primeira viagem: a escassez de imóveis com preços que eles possam pagar. A oferta de residências à venda nos EUA está em seu ponto mais baixo desde 2012, de acordo com um relatório de março da Trulia — e essa escassez tem sido particularmente aguda na faixa de preços mais baixos.

Deixe seu comentário aqui...