São Paulo – Para dar continuidade ao programa Minha Casa Minha Vida o governo federal anunciou algumas mudanças: redução no número de imóveis entregues e um sistema de sorteio para os interessados em comprar o imóvel pelo projeto. As novas regras, no entanto, não foram bem aceitas pelo mercado que teme mais burocracia e morosidade na hora de finalizar os negócios.

“Se o sorteio demorar, a análise de crédito perderá a validade. Além disso, o mercado não esperava essas reduções de unidades, pois vinha obtendo resultados satisfatórios justamente nas faixas 2 e 3”, argumentou o vice-presidente de Habitação Popular do SindusCon-SP, Ronaldo Cury.

A mudança na regra consiste na criação do Sistema Nacional de Cadastro Habitacional, espaço que reunirá a lista dos interessados em adquirir as unidades habitacionais, para distribuição das moradias pelas regiões do País e sorteio dos beneficiários nas faixas 1 e 1,5. “Para nós isso é um problema porque, com a economia instável, alguém que consegue crédito para compra em um mês pode não ter o mesmo potencial de compra em cinco meses, em função de perda de emprego ou coisas do tipo”, afirmou o diretor-geral da construtora mineira Sempre Mais, Leonardo Ferreira, que já construiu dois projetos habitacionais do programa.

Para este ano, o executivo ainda não tem certeza se tentará novos contratos. “Ainda que os imóveis econômicos tenham uma demanda grande, achamos que a redução da meta no número de unidades possa impedir que consigamos um contrato”, previu.

Outras mudanças

A redução das metas da faixa 2 (de 315 mil para 180 mil unidades) e da faixa 3 (de 98 mil para 70 mil) para 2016 também foi um ponto de crítica do mercado. “Isso preocupa porque essas faixas tinham uma velocidade de vendas muito boa”, argumentou Ferreira.

Além disso, o MCMV3 criou a faixa 1,5, destinada para famílias que ganham até R$ 2.350,00. De acordo com as previsões, serão 500 mil unidades para essa nova faixa.

Além disso, são 500 mil unidades para a primeira faixa do programa, 800 mil unidades para a faixa 2 e 200 mil unidades para a faixa 3. “O que preocupa é que já foram consumidas 350 mil unidades do faixa 2 e sobraram 450 mil unidades para os próximos três anos. Isso é muito pouco”, acrescenta Cury, doSindusconSP.

Em quatro anos, a meta estipulada pelo governo federal será de contratação de 2 milhões de moradias, sendo 480 mil em 2016. “Para estimular a construção e tentar diminuir o quadro recessivo de empregos e ganho das empresas era preciso acelerar o programa, e não tirar o pé do acelerador”, diz Ferreira, que precisou demitir 15 funcionários em função da morosidade do mercado.

Este ano, o construtor tem apenas um projeto: a construção de um galpão logístico na cidade de Betim (MG).

Números

Nos próximos dois anos serão investidos cerca de R$ 210,6 bilhões, segundo o governo federal, sendo que apenas R$ 41,2 bilhões são do Orçamento Geral da União – R$ 39,7 bilhões serão de subsídios do FGTS e R$ 129,7 bilhões de financiamentos do FGTS. Segundo Cury, o SindusconSP participou das conversações que antecederam a definição das principais diretrizes desta nova fase, no entanto, algumas decisões forma tomadas à revelia do mercado.

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