Por anos, a Autodesk foi conhecida exclusivamente pelo seu software AutoCAD, que permite que engenheiros, arquitetos e designers criem versões digitais e tridimensionais de seus projetos antes de construí-los oufabricá-los.
A empresa de San Rafael, na Califórnia (EUA), no entanto, trabalhou nos últimos anos para diversificar e modernizar seu portfólio e define-se hoje como uma companhia de software de design e criação. Não só tecnologias foram adicionadas ao leque de opções, como também o modelo de subscrição, que tem a nuvem como seu grande aliado.
Atenta à evolução do setor, e diante dos constantes desafios que aindústria da construção vem enfrentando, criando, assim, um ambientepropício a inovação, a empresa realiza anualmente seu encontro comclientes e parceiros, o Autodesk University, que neste ano aconteceu em Las Vegas (EUA).
Pelos corredores da feira e ainda nas palestras realizadas pela empresa, uma ebulição de ideias e tendências foram abordadas. A Computerworld listou a seguir as sete tecnologias que a empresa falou exaustivamente em seu encontro e que certamente pautarão o setor de arquitetura, engenharia e construção (AEC) nos próximos anos. Confira.
1 – Inovação por design
Durante os dois dias do encontro, a inovação por design foi uma das mais citadas. Certamente, tornou-se a vedete do setor. O design generativo é uma abordagem de projeto relativamente nova, que usa inteligência de máquina e computação em nuvem para gerar rapidamente um conjunto de soluções de projeto que se encaixam nas restrições específicas definidas pelos engenheiros.
Ele permite que as equipes de projeto explorem um espaço de designmuito mais amplo, enquanto ainda estão vinculados aos requisitos defabricação e desempenho ditados pela equipe ou pelo ambiente.
O CEO da Autodesk, Andrew Anagnost, relatou que essa abordagem é muito mais produtiva do que a tradicional. Entre seus benefícios estão agilidade, redução de custos e, claro, menos estresse em projeto por falta de comunicação entre as partes.
2 – Dados e mais dados
Big data e computação em nuvem combinados têm impacto significativosnão só na concepção do projeto, como também no gerenciamento daconstrução. Essas tecnologias, segundo Nicolas Mangon, vice-presidentede arquitetura, engenharia e construção (AEC) da Autodesk, sãofundamentais para o futuro do setor e empresas começam agora a usá-la.“Imagine identificar padrões com base em dados de riscos a partir de tudo o que deu errado em projetos anteriores. Isso economiza tempo edinheiro”, apontou.
Anagnost relatou, no entanto, que nem todas as empresas estão prontaspara essa era dos dados. “As empresas entendem essa demanda, mas nemtodos estão prontas para dados. Todos sabem dos problemas de trabalho, como acesso aos arquivos de diferentes formatos. A grande promessa é que a nuvem resolve bem os problemas de dados”, contou.
3 – Blockchain
O Blockchain, tecnologia de registro distribuído que busca a descentralização como medida de segurança, foi um dos temas mais discutidos em 2018. Empresas passaram a entender o conceito e algumas já criaram projetos-piloto na área. Anagnost comentou que a Autodesk está de olho na tecnologia. “No setor de construção, ela vai encontrar seu caminho em processos que envolvem muitas pessoas. Não sei se chamará de Blockchain ou se terá outro nome, mas ela vai surgir”, apostou.
Questionado se a tecnologia tem o poder de acabar com a corrupção nosetor de construção em países como o Brasil, o executivo afirmou quecertamente ela será um aliado para tal. “Não é incomum ter corrupção nosegmento de construção em geral, porque são direcionados milhões paraprojetos. Uma das grandes barreiras da tecnologia no setor, no entanto,são as pessoas que não querem ter seus passos rastreados pelo sistema.”
4 – BIM
A Modelagem da Informação da Construção (Building InformationModeling (BIM)) é considerada um dos maiores desenvolvimentos naindústria de arquitetura, engenharia e construção. O sistema envolverepresentação de projetos com uma combinação de “objetos” que levam suas geometrias, relações e atributos a um novo nível de complexidade.
O BIM é um processo inteligente com base de dados 3D que equipa osprofissionais de arquitetura, engenharia e construção com ferramentaspara concepção, projeto executivo, construção, e gerenciamento de obras einfraestruturas mais eficientes.
Alguns dos seus benefícios mais emblemáticos incluem melhora navisualização do projeto, produtividade, coordenação de documentos,velocidade de entrega e redução de custos.
Segundo o CEO da Autodesk, não só empresas podem se beneficiar datecnologia, como também o governo, que atua hoje com centenas demilhares de papéis que precisam ser aprovados em prefeituras e nuncamais são usados. Quando precisam ser resgatados, demandam horas debusca. “É algo que precisa ser modernizado”, sentenciou.
Na Autodesk, o BIM se materializa por meio do BIM 360. Segundo aempresa, a plataforma BIM 360 e suas integrações ajudam na centralizaçãode dados do projeto para conectar, organizar e otimizar projetos do início ao fim. “Essa abordagem conectada é o caminho para a previsibilidade, que vai da digitalização de informações e processos a fluxos de trabalho integrados e mais automatizados, além de uma capacidade de extrair percepções acionáveis dos dados nos projetos para otimizar a melhoria contínua”, informa a Autodesk.
Mangon, vice-presidente de AEC da Autodesk, contou que, hoje, estimativas apontam que 40% de todos os projetos de AEC usam BIM. Destaque para a China que utiliza a tecnologia em 25% das suas atividades. “Estudos indicam que o BIM terá crescimento de 65% nos mercados emergentes”, detalhou o executivo. A expectativa, portanto, é de salto acelerado no uso da tecnologia, uma oportunidade para a Autodesk e ainda para a sociedade.5
5 – Realidades Virtual e Aumentada
As Realidades Virtual e Aumentada são uma grande promessa para ospróximos anos. O instituto de pesquisas Gartner indica que as Realidades Virtual (VR), Aumentada (AR) e Mista (MR) estão mudando a maneira pelaqual as pessoas percebem o mundo digital. Essa nova érea, combinada nosmodelos de percepção e interação leva à experiência imersiva do usuáriono futuro.Na feira de exposições do Autodesk University, a empresa apresentou
aplicações do tipo. Uma delas mostrava pessoas construindo ambientes no
ambiente virtual, algo como um gêmeo virtual, mas de forma mais
interativa. Com a tecnologia, é possível caminhar pelo modelo 3D e
analisar cada detalhe, a uma escala de 1:1, antes do projeto deixar o
papel.
Anagnost faz suas apostas sobre a tecnologia e acredita que VR e AR
estarão em tudo daqui para frente. “São mecanismos de comunicação e
feedback instantâneo. Trata-se de uma interface do usuário para design
mais simples de ser observada”, comentou.
6 – Impressão 3D
O uso da impressão 3D no setor de construção e arquitetura inclui
diferentes possibilidades de criação, que vão desde maquetes, até
esculturas, luminárias, lustres, vasos, molduras para quadros e
porta-retratos.
Com a impressão 3D usada mais frequentemente no segmento, com maiores
aplicações e diferentes tipos de materiais e projetos, a impressão 3D
poderia mudar completamente o processo de entrega física.
Hoje, o avanço dessa indústria já permite que sejam impressas até
mesmo pequenas casas e outros tipos de construções, a partir de uma
impressora 3D industrial. O aumento no uso – e consequente aprimoramento
– de pré-fabricados e impressão 3D fez com que a entrega de diferentes
recursos para infraestrutura também aumentasse.
Mas deixe de lado um pouco essa visão da construção para mirar outro
setor: o de saúde. Em apresentação no Autodesk University, a mexicana
Granta apresentou um implante cerebral criado com impressão 3D a partir
de dez produtos da Autodesk.
A prótese ajudou Adriana, que sobreviveu a um aneurisma cerebral.
Após um ano em osso no crânio depois de uma rejeição anterior a outro
implante e de ter perdido a capacidade de falar e controlar o lado
esquerdo de seu corpo, Adriana estava cansada e quase desistindo do
tratamento.
Seu novo implante foi produzido em duas semanas e o tempo de cirurgia
caiu 50%. Sua recuperação também foi reduzida sobremaneira, destacou o
PhD Carlos Monroy, da Granta, responsável pelo processo.
7- Robôs
Na visão do CEO da Autodesk robôs deverão, no futuro, assentar
tijolos e fazer trabalhos do tipo, mas essa realidade está bastante
distante. Segundo ele, no entanto, robôs já estão executando algumas
tarefas no setor, como construção de containers e executando tarefas
fora de prédios. “O setor de construção não muda tão rapidamente quanto
outros. Os primeiros tipos de robôs em larga escala vão aparecer, mas
ainda demora um pouco”, comentou ele.