A recuperação econômica decorre de um conjunto de medidas que visam à geração de emprego e renda, à diminuição das assimetrias sociais e à melhoria da infraestrutura e da logística, indispensáveis para a inserção de nossas empresas no fluxo de comércio internacional.

O ajuste fiscal, embora urgente e importante, terá efeitos muito pequenos se ficar restrito exclusivamente à propostas na área financeira ou a medidas econômicas.

Dessa forma, o desenvolvimento depende do fortalecimento da engenharia nacional que, ao longo de décadas, vem sendo reconhecida pelas inúmeras obras de infraestrutura realizadas e concretizadas em rodovias, aeroportos, aproveitamentos hidrelétricos, refinarias, equipamentos urbanos e habitações, entre outras.

Na atual situação econômica mundial, é natural que haja um acirramento na busca por novos mercados. Por isso, costumo dizer que precisamos urgentemente de um projeto nacional que permita a eliminação dos gargalos, causados pela estagnação das obras e programas, e dos vazios, frutos da inexistência de base tecnológica nas nossas empresas, que necessitam de inovação e agregação de valor aos produtos.

Para crescer, a engenharia depende, entre outras, de quatro ações distintas: a implantação de programas de governo que possibilitem a retomada do crescimento da indústria, a garantia de recursos para a conclusão dos projetos de relevância naciona, iniciados na última década, e paralisados, a preservação da exigência de conteúdos locais nos projetos e obras de engenharia e ainda o fortalecimento das empresas estatais, que sejam consideradas efetivamente estratégicas para o desenvolvimento sustentável do país.

O conteúdo local representa a proporção de investimentos nacionais aplicados em determinados bens ou serviços. Assim, uma plataforma de petróleo possuirá um nível adequado de conteúdo local se os bens e serviços utilizados na sua construção forem, em grande parte, de origem nacional.

Os conteúdos locais são decisivos para a sustentabilidade e para impedir a perda de capacitação técnica das empresas de consultoria e engenharia nacionais.

Evidentemente, torna-se igualmente necessário cuidar da formação de engenheiros de boa qualidade e fortalecer o apoio às universidades, que se constituem num dos mais Iimportantes mecanismos de sustentação da inovação tecnológica, mas não o único.

Na formação de engenheiros, alguns obstáculos se apresentam, com forte destaque para a baixa qualidade do ensino médio, que não prepara os estudantes em matérias centrais para a formação dos engenheiros, como a matemática e a física.

Elas provavelmente, são as maiores responsáveis pelo elevados índices de evasão nestes cursos, que chegam a superar os 40%, o que obriga muitas das nossas escolas ofertarem cursos de revisão, ocupando espaços que poderiam ser melhor utilizados na formação dos engenheiros.

Como já comentei noutros artigos, a reforma do ensino médio pode significar uma mudança de rumo positiva para a educação superior, de uma forma geral, e para os cursos de engenharia, em particular.

Além disso, estamos vivendo tempos em que os avanços da ciência e da técnica obrigam a conviver com a inovação no dia a dia. Em muitos casos, o prazo para  obsolescência de um produto pode ser inferior a quatro anos, menor que a duração de muitos cursos de graduação.

Se o estudante não tiver contato frequente com as inovações, poderá diplomar-se já fora do mercado. Outra dificuldade surge da frágil articulação das universidades com o setor produtivo, na medida em que delas surge a melhor forma de capacitação dos profissionais que a indústria necessita.

Dessa forma, engenharia e desenvolvimento poderão caminhar lado a lado, contribuindo para o nosso retorno ao grupo das seis maiores economias.

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