A percepção dos empresários da construção civil sobre o desempenho atual e as perspectivas futuras das suas empresas é a pior dos últimos 16 anos. A melhora no ambiente de negócios do setor é esperada apenas para ocorrer em 2017.

Estes são alguns dos resultados da Sondagem Nacional da Indústria da Construção realizada pelo SindusCon-SP com a FGV. Eles refletem o declínio cada vez mais acentuado da atividade de todos os segmentos deste setor fundamental para o desenvolvimento do país.

Tanto é assim que a construção brasileira deverá fechar mais de 780 mil empregos no acumulado de 2014 e 2015, retornando ao nível de 2010. E o seu PIB declinará cerca de 8% neste ano, em comparação ao ano passado.

O setor foi diretamente afetado pela drástica diminuição dos investimentos públicos e privados. Minguaram as vendas e os lançamentos imobiliários, e aumentaram os distratos, resultando na devolução de apartamentos e escritórios. O crédito aos adquirentes de imóveis e às construtoras tornou-se mais restritivo. Os recursos da Poupança que asseguram o financiamento imobiliário reduziram-se expressivamente.

Obras públicas com pagamentos em atraso tiveram seus cronogramas dilatados ou simplesmente foram paralisadas. As concessões de rodovias, aeroportos, portos e ferrovias sofreram adiamentos.

Boa parte deste cenário será “carregado” para 2016. O SindusCon-SP estima que voltarão a cair o PIB da construção, em 5%, e o emprego no setor, em 6%.

Tudo isso explica por que a indústria da construção almeja uma rápida solução da crise política, para que o país retome o rumo do reequilíbrio das contas públicas, que possibilite a redução da inflação e a volta dos investimentos.

Enquanto isso não ocorre, as construtoras entregam-se à tarefa mais urgente do momento: o aumento da produtividade. A Sondagem mostrou que as empresas do setor, sem condições de investir em máquinas, equipamentos e novas tecnologias, apostam suas fichas em aperfeiçoamentos de gestão, reorganizando seus processos, e em novos segmentos de mercado.

Superada a crise política, a indústria da construção preconiza uma agenda em que, além do aumento da produtividade, figure o investimento como política de Estado. Para tanto, nas concessões e nas Parcerias Público-Privadas, serão necessários mais atrativos à participação de capitais nacionais e estrangeiros, e maior segurança regulatória.

Também serão imprescindíveis a simplificação e a agilização nos licenciamentos para a execução de obras; e uma modernização tributária, acompanhada de incentivos à construção industrializada e à construção sustentável.

Esta agenda terá ainda mais eficácia se estiver acompanhada das reformas estruturais indispensáveis ao reequilíbrio das contas públicas e à retomada sustentável do crescimento econômico.

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