A construção civil é uma industria que evolui constantemente e de acordo com o seu tempo e as tecnologias disponíveis. Por outro lado, existem coisas que não mudam nunca, ou melhor, que ainda não mudaram. Mas como seria um canteiro de obras sem nenhum ser humano, por exemplo? Esta é uma indagação recentemente levantada pela multinacional britânica do ramo da construção civil, Balfour Beatty, a qual eles procuram responder em um artigo publicado no seu site intitulado “Innovation 2050 – Um futuro digital para o setor da construção civil.” Esta espécie de relatório, publicado pela Balfour Beatty, passou a ser um ponto de referência para avaliar como a industria da construção civil, e a arquitetura em si, estão caminhando em direção à robotização dos canteiros de obras ao redor do mundo.
Através do relatório publicado pela Balfour Beatty, podemos vislumbrar como será o futuro da indústria da construção civil: diferentes robôs trabalhando em equipes para construir estruturas complexas utilizando novos materiais, tudo isso através de processos automatizados de montagem e construção. Drones serão responsáveis por inspecionar o trabalho e coletar dados para prever e resolver problemas antes mesmo que eles ocorram, enviando instruções para guindastes e escavadeiras automatizadas, sem a necessidade de envolvimento humano nos processos diretos de construção no canteiro de obras. Finalmente, isso resultaria em um processo de construção que independe da força de trabalho humana, onde o papel do construtor seria apenas de “supervisão”, gerenciando os projetos remotamente. Nesta visão de futuro, os últimos humanos a deixar o canteiro de obras estariam operando máquinas que parecem saídas de um filme de ficção científica, exoesqueletos robóticos comandados pelo poder da mente. Estas máquinas eventualmente funcionariam como um mecanismo de segurança, os perigos da construção e os acidentes de trabalho poderiam ser reduzidos a índices muito próximos de zero.
Ainda que esta imagem pareça ter saído de um cenário utópico e distante, este futuro está muito perto de se tornar realidade. Os avanços tecnológicos estão transformando a indústria da construção civil em um ritmo bastante acelerado, os desafios que levávamos anos para superar, estão sendo resolvidos em meses ou até semanas. Computadores e robôs passaram a desempenhar funções antes exercidas pelo homem, transformando profundamente as condições de trabalho no ambiente da construção civil. Atualmente, sistemas mais tradicionais de construção estão sendo suplantados por outros mais inteligentes e, principalmente, mais eficientes, econômicos e sustentáveis. Tecnologia BIM, drones, realidade virtual, realidade aumentada e impressão 3D já não são mais bichos-de-sete-cabeças, mas o presente e o futuro da arquitetura. Paralelamente, nossos canteiros de obras estão se tornando cada dia mais eficientes e seguros. Um estudo desenvolvido pelo Midwest Economic Policy Institute (MEPI) estima que, até 2057, robôs poderiam substituir ou ocupar mais de 2,7 milhões de postos de trabalho na construção civil nos Estados Unidos. Por outro lado, a empresa de consultoria Roland Berger descobriu que menos de 6% das empresas do ramo da construção civil nos Estados Unidos utiliza ferramentas de planejamento digital em todos seus processos, enquanto que 93% dos profissionais da indústria concordam que incorporar estas ferramentas transformaria para sempre o mercado da construção civil. Mas por acaso isso seria ruim? Quais seriam as repercussões disso tudo no trabalho dos arquitetos e escritórios de arquitetura?
Além de números, previsões e relatórios mirabolantes, suplementar – de forma generalizada – seres humanos por máquinas na indústria da construção civil, nos faz levantar questões muito mais ideológicas que apenas aquelas de cunho prático e econômico. Em termos de projeto, e de construção, isso significaria a perda de um conhecimento inato do homem e que evolui desde que saímos das cavernas e começamos a construir nossas próprias casas. Esta relação, entre o ser humano e o espaço construído, está profundamente conectada ao próprio significado tectônico da arquitetura; da milenar arte da construção. Essa “arte” seria desprovida de toda sua humanidade para tornar-se apenas uma ciência exata, resultado de equações matemáticas e concluída por drones, robôs e impressoras. Nossa relação com os materiais, a escala e os detalhes jamais seria a mesma, independentemente de encontrarmos beleza nesse processo ou não. Isto, evidentemente, também acarretaria na descoberta de novos espaços e formas que jamais seriamos capazes de construir sem o auxilio das máquinas. À medida que a digitalização está aumentando a produtividade de um setor historicamente conhecido por sua baixa produtividade e altos índices de desperdício, as relações entre a construção e o construtor também estão mudando.
E as previsões futuras da Balfour Beatty não param por ai: “novas tecnologias serão nossas principais aliadas na construção de edifícios cada dia mais inteligentes, eficientes e sustentáveis. Através da tecnologia seremos capazes de construir cidades melhores para o nosso futuro, estruturas flexíveis e facilmente adaptáveis às novas demandas que possam surgir; edifícios serão construídos em tempo recorde e seremos capazes de imprimir componentes sob medida e edifícios inteiros da noite para o dia. A impressão em 4D nos permitirá construir elementos dinâmicos capazes de responder instintivamente a mudanças nos níveis de calor, som ou umidade em um determinado ambiente.” Além disso, segundo a Balfour Beatty, d devemos considerar que avanços tecnológicos também são responsáveis pela criação novos empregos e industrias.
Nesta visão de futuro, a incorporação de tais novas tecnologias – suplantando o homem pela máquina – na industria da construção civil não afetaria apenas o canteiro de obras, mas principalmente os processos de projeto. A automatização da construção também nos permitiria ter um maior controle de prazos e cronogramas, de encontrar soluções à falta de mão de obra especializada, a construir edifícios mais eficientes, econômicos e sustentáveis. Os arquitetos precisarão incorporar esses avanços em seus processos de projeto, adaptando-se a este novo contexto. À medida que nós, arquitetos, procuramos melhor entender as consequências destas mudanças na atividade prática da nossa profissão, reunimos aqui uma série de artigos que abordam o futuro da construção e os desafios que deveremos enfrentar em um futuro cada vez mais próximo.
Como os drones podem ser usados na arquitetura (sem infringir a lei)
Pequenos veículos aéreos não tripulados (UAVs), comumente chamados de drones, estão ganhando popularidade não só entre o público e consumidores em geral, mas também entre os profissionais que trabalham na indústria da arquitetura e construção. Nesse sentido, temos visto propostas ambiciosas para seu uso, seja como veículos de transporte ou como ferramentas de marketing.
Embora esta nova tecnologia, como a impressão 3D e a fabricação robotizada em geral, prometa revolucionar a profissão arquitetônica, é importante saber até que ponto sua aplicação prática pode afetar o modo como trabalham os arquitetos. Parece que, por enquanto, os drones têm grandes potenciais quando se trata de vários aspectos dessa profissão.
Exoesqueletos robóticos podem ajudar os trabalhadores da construção civil a partir de 2020
A empresa norte-americana de robótica Sarcos divulgou um novo exoesqueleto de corpo inteiro para trabalhadores da construção civil que estará disponível comercialmente em 2020. Especializada em dispositivos militares e de segurança pública, a empresa anuncia agora este dispositivo robótico que permite que os trabalhadores carreguem até 90 kg por longos períodos de tempo. Chamado de The Guardian XO, o projeto está em desenvolvimento há quase duas décadas e tem como objetivo ajudar a reduzir o estresse físico dos trabalhadores da construção civil.
A era de ouro da impressão 3D: Inovações mudando a indústria
A impressão 3D em si não é mais uma tecnologia nova, mas isso não impediu que pesquisadores e inovadores de todo o mundo criassem novos aplicativos e oportunidades. Alguns experimentos com novos materiais foram conduzidos por preocupações de sustentabilidade e outros são simplesmente o resultado de imaginação e criatividade. Outros optaram por investir seu tempo utilizando materiais mais tradicionais de novas maneiras. Materiais, no entanto, são apenas o começo. Os pesquisadores desenvolveram novos processos que permitem a criação de objetos que anteriormente eram impossíveis de imprimir e, em uma escala maior, novas tipologias de edifícios estão sendo testadas – incluindo um habitat para o planeta Marte!
O futuro das Habitações Sociais pode ser a impressão 3D?
É tudo muito recente: faz menos de um ano que uma família francesa se tornou a primeira do mundo a morar em um casa impressa em 3D – aliás, há menos de 20 anos, casas impressas em 3D eram um sonho longínquo. Mas essa nova tecnologia vem sendo desenvolvida rapidamente e desponta como uma possível contribuição à crise habitacional em todo o mundo. A empresa chinesa WinSun foi a primeira a construir uma casa impressa em 3D: em 2013, imprimiu 10 habitações em um período de 24 horas. As casas exigiram montagem humana, pois as paredes foram impressas na fábrica e transportadas para os respectivos locais.
Um novo vídeo da AERIAL FUTURES explora o potencial dos aeroportos de drone na África Oriental e no hemisfério sul do globo. A Fundação Norman Foster foi um dos primeiros grupos a propor a criação de uma rede de droneports para fornecer suprimentos médicos e outras necessidades a regiões africanas de difícil acesso devido à falta de estradas ou outras infraestruturas. O projeto busca construir estes aeroportos de drone em pequenas cidades na África e em outras economias emergentes até 2030.