O isolamento social gerado pela pandemia do vírus covid-19, que chegou ao Brasil no começo do segundo trimestre de 2020, causou também um aumento generalizado do nível de incerteza dos consumidores e a paralização quase que imediata da economia.
Esse isolamento fez com que as pessoas voltassem suas atenções para suas casas e passassem a se reconectar com esse ambiente, prestando atenção nos detalhes que antes passavam despercebidos, fazendo aquela obra que estavam aguardando há tempos, o reparo daquela porta, do chuveiro, etc. A busca pela natureza, tendência impulsionada pelo isolamento, também fez com que aumentasse a busca por imóveis com quintais, varandas e por residências fora das regiões centrais das cidades, movimentando ainda mais o setor imobiliário e de construção, por consequência.
Esse movimento fez com que o setor de construção fosse um dos primeiros a reagir e a mostrar a força da sua cadeia fechando o ano de 2020 com 8% de crescimento em volume e 11% em valor perante o ano anterior (referências: Fundação Getúlio Vargas, Sindicato da Construção Civil de São Paulo e CBIC – Câmara Brasileira da Indústria de Construção).
A performance da cadeia da construção civil seguiu positiva em 2021, segundo a CBIC, e a expansão em volume atingiu 7,6% versus 2020. O crescimento das vendas foi rapidamente refletido em novos empregos, 244.755 vagas abertas, um incremento de 11,62% segundo o Caged – Novo Cadasto Geral de Empregados e Desempregados em relação ao ano anterior.
O que esperar para 2022 para a cadeia de construção?
O setor de construção civil deve perder velocidade de crescimento e as razões são múltiplas: alta das taxas de juros combinada com preços de materiais de construção ainda mais elevados; endividamento das famílias; menores níveis de desemprego, mas com redução de salários; inflação local e mundial. Soma-se a todos estes pontos estarmos em um ano eleitoral em que eventuais novos fatos podem complicar ainda mais a economia. Neste cenário, a Fundação Getúlio Vargas, o Sindicato da Construção Civil de São Paulo e a Câmara Brasileira da Indústria de Construção estimam um crescimento de 2% para a cadeia.
Especificamente sobre o Varejo de Construção: quais foram os resultados em 2020 e 2021 e o que esperar para 2022?
Segundo a Associação Nacional dos Comerciantes de Materiais de Construção e a FGV – IBRE, o varejo encerrou 2021 com crescimento de 16% em valor, seguindo a tendência de 2020, quando cresceu 11% versus 2019.
Já o ano de 2022 deve ser mais desafiador pelas razões já detalhadas anteriormente, e os varejistas trabalham com um cenário de estabilização, ou seja, pelo menos atingir os 2% que estão sendo previstos para o setor como um todo.
Nós da Mosaiclab seguimos monitorando as tendências e os comportamentos dos consumidores e da indústria na categoria. O estudo Sociedade 5.0, realizado em 2021 pela Mosaiclab em 14 países da América Latina, mostrou que, pelo lado do consumidor, a demanda por imóveis, reformas e produtos e serviços para o lar seguem entre os top 10 produtos que desejam consumir no futuro.
A Mosaiclab também monitora a demanda pelo lado da indústria por meio do Construcheck, metodologia proprietária e inovadora de coleta e análise contínua dos dados de fabricantes e marcas, a partir das informações de “sell in” que constam de notas fiscais eletrônicas emitidas pelos diferentes agentes da cadeia de valor do varejo de construção. Os dados do Construcheck permitem uma visão das categorias que compõem o setor, até o nível SKU, em diversos indicadores de performance.
Os dados macro do mercado coletados por nós estão em linha com o que está sendo previsto sob o ponto de vista das entidades e associações do setor de construção para o próximo ano.
Tudo indica que a desaceleração do setor deverá ser suave, dado que a demanda pelo lado do consumidor segue aquecida. As incertezas do ano eleitoral também podem atrapalhar um pouco o cenário de construção, mas seguiremos monitorando e trazendo para vocês a nossa visão.
Luciana Galvão é a head do produto Construcheck na Mosaiclab.