O residencial Refinatto, no Grande Meier, tem imóveis com dois e três quartos, inclui armários na cozinha e nos quartos e e faz parte de uma ação da Calçada que aceita apenas 10% de entrada e tem saldo fixo por 60 dias.
Para sair do prejuízo, zerar o estoque e partir para novos empreendimentos, construtoras e imobiliárias começaram o ano com promoções para realavancar a venda de seus imóveis, após o período de vacas magras. Algumas baixaram os preços das unidades e outras estão recorrendo a brindes e facilidades, sendo que a mais corriqueira é aceitar um carro como parte do pagamento — em torno de 90% do valor, com base na tabela FIPE.
Na Zona Sul, há poucas ofertas. Historicamente, é uma região com maior liquidez, pois dada a escassez territorial, a procura ainda é maior do que a oferta. Ainda assim, para se ter uma ideia, o número de unidades residenciais, lançadas em 2017 — que já não foram lá muita coisa, total de 247 — foi um quarto do ano anterior (62). Os dados são do Sindicato da Habitação (Secovi Rio).
As zonas Norte e Oeste, entretanto, são o calcanhar de Aquiles do Rio. Com mais espaço, a região teve mais lançamentos nos últimos anos e, com a crise, maior encalhe. Ainda assim, o número de lançamentos também caiu consideravelmente, passando de 3.199 unidades em 2016 para 1.921 unidades no ano passado. Barra e adjacências e Zona Oeste também tiveram menos unidades lançadas, na comparação.
Zona Oeste com mais imóveis
— O mercado no Rio tem uma particularidade e se divide. A zona Sul é uma ilha cercada por barreiras geográficas. Não tem para onde crescer. Não dá para expandir, por isso tem mais procura que oferta. E é uma demanda eterna, tem status e as belezas naturais — diz o presidente da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi), Claudio Hermolin. Já em relação às zonas Oeste e Norte, ele afirma que foi o maior mercado.
— Foi o que teve mais lançamentos e acumulou maior estoque. Não teve novos lançamentos e o que está se vendendo é estoque.
— Na zona Oeste há uma concorrência maior, pois há mais lançamentos. Por enquanto, esperamos vender o estoque, mas os indicadores econômicos vêm animando. Acho que vai melhorar — afirma Thiago Hernandez, gerente comercial da construtora Calçada, destacando que, mesmo com a crise, a Zona Norte representou 50% das vendas da construtora em 2017.
Segundo ele, a devolução de imóveis foi um atenuante que prejudicou ainda mais o cenário imobiliário no Rio. Em contrapartida, afirma, a situação deve mudar até o próximo ano.
— O judiciário é ruim neste sentido, pois exige que a empresa retorne até 80% do valor do imóvel em caso de desistência, seja qual for o motivo. Isso acaba com o negócio. Imagina se todos quisessem devolver, como ficariam as construtoras? — questiona, referindo-se à grande taxa de devolução registrada em 2016 e 2017.
Preços mais baratos
Um dos locais onde há muitas unidades disponíveis é o Pontal Oceânico — chamado de “novo bairro” da região do Recreio, por sua área de 550 mil metros quadrado. Só a Sawala Imobiliária está comercializando quatro empreendimentos, que somam 350 unidades com dois a quatro quartos e cobertura.
Os apartamentos, que antes tinham valor inicial de R$ 487 mil, hoje custam a partir de R$ 369 mil. Entre as ações para movimentar as vendas na região, a empresa montou uma filial no local, aceita carro como parte de pagamento e o FGTS na entrada. Para o presidente da Sawala, Márcio Cardoso, o cenário já foi pior.
— Os valores foram se ajustando, acompanhado o mercado. Hoje, estas unidades estão com altíssima liquidez — afirma ele.
Hernandez, da Calçada, acrescenta que ainda que os imóveis no Recreio tenham sofrido uma depreciação no ano passado, o Maui, também no Pontal, por exemplo, foi o carro-chefe da empresa e vendeu muito bem.
Já a Mais Consultoria Imobiliária baixou os preços para atrair clientes. Das 86 unidades do residencial Victoria Reserva, 34 estão disponíveis. Os imóveis de dois quartos com duas suítes, que ficam em Campo Grande e estão prontos para morar, passaram de R$ 289 mil para R$ 239 mil, sendo que a entrada pode ser parcelada e o futuro morador ainda pode usar o FGTS e carro na entrada. Além disso, segundo André Barros, diretor da Imobiliária, um evento especial de negociação para liquidar os imóveis está sendo preparado para março.
Outra com ação promocional é a Avanço Realizações Imobiliárias, que está com 11 apartamentos de dois quartos prontos para morar, na Freguesia. Os imóveis do Araguaia Conception Residences passaram de R$ 439 mil para R$ 399 mil.
— Outras vantagens são a varanda gourmet e o sistema de automação residencial com capacidade para controlar até 12 eletrônicos através de controle remoto único ou do uso do software, e a preparação para ar split nos quartos e na sala — explica Sanderson Fernandes, diretor da Avanço.
Quem também baixou os preços é a Azul Construções. As coberturas do Residencial Nova Califórnia, localizado em Campo Grande, passaram de R$ 650 mil para R$ 437 mil. São 160 metros quadrados, com três quartos, sendo uma suíte. Assim como as demais, aceita carro de entrada e FGTS.
— As coberturas estão com preços de apartamento porque a empresa precisa vender as unidades que estão prontas para se manter capitalizada, investir em novas construções e, com isso, gerar mais vendas — afirma José Marques, diretor da Azul.
Ao invés do desconto, empresas optam por facilidades
Algumas construtoras não dão descontos nos preços dos imóveis e preferem apostar em outros formatos de ação, como a oferta de brindes e facilidades.
A Calçada, por exemplo, começou neste fim de semana uma campanha de vendas em seis empreendimentos na zona Norte: Aquarela Carioca, na Grande Tijuca, Unique Stadio, em Engenho de Dentro, Melodia, em Campinho, Refinatto, no Grande Méier e Viva Pena e Nova Penha, na Penha.
São 166 unidades ao todo, de dois e três quartos, todas prontas para morar, sendo que no Unique Stadio e no Aquarela há mais opções — 76 e 46 apartamentos, respectivamente.
A empresa diz que não pratica descontos, mas trabalha com benefícios — por causa dos que já compraram. Entre as facilidades, estão trabalhando com entrada de 10% e saldo fixo por 60 dias — o comprador tem este prazo para pegar o financiamento sem correção do saldo devedor.
Também aceitam carro como entrada (90% da tabela FIPE) e oferecem armários para a cozinha e os quartos.
Pontos e armários
Já a Even lançou a campanha “Presentão da Even”, em que além de também oferecer armários de quartos, cozinha e banheiros, dá 50 mil pontos Multiplus para quem adquirir um imóvel no residencial RG Personal Residence ou no Luar do Pontal, ambos localizados no Recreio dos Bandeirantes e prontos para morar.
O RG tem 384 unidades no total e 80 disponíveis, com dois e três quartos (uma suíte), a partir de R$ 379 mil e de R$ 469 mil, respectivamente. O Luar tem 13 imóveis à venda de três quartos com suíte.