Habitações populares e carência de serviços básicos

Ao mesmo tempo em que foi fundamental para ajudar a reduzir o déficit habitacional em Araçatuba, a criação de 2.556 moradias pelo "Minha Casa Minha Vida" na cidade, a partir de 2011, trouxe um problema social: a demanda por saúde e educação em bairros afastados do Centro.

1601

Reportagem publicada ontem pela Folha da Região revela que, passados quatro anos da entrega do primeiro residencial pelo programa federal no município, essas localidades sofrem com a falta de infraestrutura básica . Além de postos de saúde e escolas praticamente prontas, porém ainda não entregues, moradores do Jardim Atlântico, Águas Claras, Porto Real e Beatriz reivindicam também áreas de lazer.

A solução destes problemas deveria entrar na ordem do dia não apenas para o Executivo promover a tão pregada igualdade social, mas também para não incorrer no risco de violar a legislação. Saúde e educação são direitos garantidos na Constituição Federal, assim como a habitação.

A carência de serviços básicos vai na contramão do que determina a Lei Orgânica do Município também. A LOM, como costuma ser chamada, estabelece, em seu artigo 133, a construção de creche, centro comunitário e praça para a prática de esporte e lazer no conjuntos habitacionais implementados pela iniciativa pública ou privada.

O desrespeito a essa exigência legal foi motivo de discussão na Câmara de Araçatuba há dois anos. Na ocasião, a vereadora Edna Flor (PPS) apresentou requerimento em que questionava o descumprimento desse dispositivo pela Prefeitura. O pedido de informações acabou, no entanto, rejeitado em plenário. Se fosse apresentado hoje, poderia ter outro resultado, em virtude do grau de igualdade em que se encontram oposição e situação no Legislativo.

A morosidade na implantação desses serviços pode ainda criar uma proliferação desordenada de empreendimentos habitacionais para a população mais pobre. Enquanto o poder público não agiliza a implementação de infraestrutura necessária aos moradores desses locais, novos conjuntos começam a ser idealizados. Em julho deste ano, o ministro Gilberto Kassab (Cidades) anunciou a construção de mais quatro mil residências do “Minha Casa” para Araçatuba até 2018.

Do ponto de vista eleitoral, a entrega de casas ou apartamentos tem efeito muito maior do que a de uma unidade de saúde ou de ensino. Ocorre que, para a população, ter qualidade de vida não se resume à tão sonhada conquista do próprio imóvel. É necessária a garantia de serviços essenciais.

Deixe seu comentário aqui...