“Melhores práticas em um cenário de mudanças” foi o mote do II Encontro de Construtores e Incorporadores do Secovi-SP, que aconteceu na terça-feira, na sede do Sindicato. “O uso da inteligência coletiva, fruto da integração de todos os atores da cadeia construtiva, é essencial na obtenção de melhores resultados das empresas”, afirmou Carlos Borges, vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do Sindicato, área responsável pela iniciativa.
CEO da Brookfield Property Group Brazil, Roberto Perroni deu início às palestras falando sobre planejamento e gestão. Segundo ele, antes de mais nada, é necessário entender o mercado para então tomar a decisão de lançamento do produto certo no momento adequado. Perroni deu como exemplo o segmento de imóveis comerciais, cuja taxa de vacância, atualmente, está na casa dos 18%, depois de sofrer oscilações nos últimos 16 anos (10% em 2000, 17% em 2004 e 3,5% em 2011). “Poucas empresas estão construindo para esse segmento. A retomada deve ocorrer somente em 2018.”
Além de apresentar um mapa geral dos processos que mostrou a complexidade e a intensa interação entre os agentes envolvidos para se construir um empreendimento de sucesso, o executivo salientou a importância de indicadores para medir o desempenho da obra do começo ao fim.
Visão de longo prazo também foi ressaltada por Perroni, que ilustrou com o case Brookfield da sede da L´Oreal, no Porto Maravilha, no Rio de Janeiro. Mesmo sendo um contrato built-to-suit de dez anos, renovável por mais dez, a empresa tem uma visão de renda com o prédio depois de vencido o prazo com o primeiro inquilino. “Isso nos levou a fazer ajustes no projeto, agregando valor, como a troca do sistema de ar-condicionado por um superior e do elevador por um com mais capacidade, sem cobrar nada a mais da L´Oreal”, explicou o CEO, que aproveitou para destacar a relevância da participação da equipe de engenharia desde o início do projeto.
Responsabilidade compartilhada
“Investir em um projeto bem feito impacta diretamente nos resultados do empreendimento. As pessoas envolvidas no projeto devem ter visão de ‘dono’ e de ‘usuário’ para garantir que a entrega será compatível ao projetado”, disse Fernando Carvalhal, diretor de engenharia da Gamaro Desenvolvimento Imobiliário.
Em sua palestra, Carvalhal defendeu a integração de todos os agentes como garantia da entrega do produto almejado sem desperdício de energia e retrabalho e disse não acreditar na segmentação da responsabilidade, mas no envolvimento de todas as áreas desde o começo. Ele apresentou um modelo de matriz de responsabilidade, adotada pela Gamaro, que distribui os papéis entre os participantes, trazendo equilíbrio. Ele apresentou o case Seed Residence, empreendimento residencial inspirado no Bosco Verticale, um edifício com fachada verde nas varandas, que contou com envolvimento da equipe de engenharia desde o início.
Ana Cristina Chalita, superintendente de serviços técnicos da Hochtief do Brasil (HTB), abordou a etapa da construção em sua palestra, enfatizando a industrialização com gestão para ter avanço e competitividade. Segundo ela, há um trabalho de planejamento e logística por trás das inovações. No case apresentado por ela, do hotel Four Seasons, há um nível de detalhamento e sofisticação na construção que chega a estabelecer horário de uso de cada equipamento, cronograma que define o abastecimento da obra.
De acordo com Chalita, no futuro, o que irá prevalecer será a força do trabalho conjunto de todos os atores – incorporadores, investidores, construtoras –, numa relação de confiança e parceria verdadeira, resultando em maior eficiência nos empreendimentos, com mudança no modelo de contratação, que passará a ser por desempenho e não mais por custo.
Na palestra de encerramento do evento, Fábio Villas Bôas, diretor técnico da Tecnisa, falou sobre pós-obra usando o case Jardim das Perdizes, bairro planejado com dez torres já em operação e outras ainda em construção. “A entrega das unidades é um rito de passagem: acabou a obra, virou um condomínio”, disse. A empresa contrata um perito externo, que emite um laudo apontando todos os problemas encontrados, providencia as correções e emite outro laudo, a ser entregue ao síndico, juntamente com toda a parte documental. Aos condôminos, é feita a entrega do Manual do Proprietário personalizado, que inclui um guia de manutenção preventiva a ser seguido pelo ocupante, responsável pelo cumprimento das instruções para que o imóvel obtenha o desempenho esperado.