Taxas de juros mais baixas, inflação sob controle e uma demanda represada por unidades habitacionais impulsionaram o reaquecimento do mercado imobiliário. Um balanço divulgado na última segunda-feira (2) pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria e Construção) e pelo Senai Nacional (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) aponta a recuperação do setor após um longo período de crise, que se estendeu de 2014 a 2017. Os Indicadores Imobiliários Nacionais referentes ao quarto trimestre de 2019 são animadores porque além da alta nas vendas, mostram um aumento dos lançamentos.
No quarto
trimestre de 2018, foram registrados 9,7% a mais no número de imóveis
residenciais vendidos na comparação com igual período do ano passado. Já os
lançamentos cresceram 8,4% no quarto trimestre de 2019 ante o mesmo intervalo
de 2018. As vendas saltaram de 34.202 para 37.513 unidades e os lançamentos, de
40.904 para 44.332.
Quando se compara os resultados ano a ano, os dados revelam um crescimento constante desde 2016, quando o estudo da CBIC começou a ser elaborado. Naquele ano, foram 91.868 unidades comercializadas. Em 2019, 130.434 imóveis vendidos, uma alta de 41,97% em um intervalo de quatro anos.
Durante a
coletiva para divulgação do balanço, o presidente da CBIC, José Carlos Martins,
disse que os números confirmam as previsões feitas no início de 2019 e que os
resultados são reflexo do “equilíbrio no mercado”.
A taxa Selic a 4,5% e a inflação estável facilitam a decisão de compra e a expectativa da CBIC para o mercado imobiliário é de crescimento de 10% em 2020. “Mesmo com a redução do FGTS, que deve ser compensada com outras formas de financiamento e aquecimento de outras regiões do Brasil”, disse Martins.
Presidente do Grupo A.Yoshii, Leonardo Yoshii confirma um “reaquecimento bastante expressivo” do setor, que pode ser mensurado pelo número de empreendimentos lançados, somados aos projetos da A.Yoshii e da Yticon. Entre 2018 e 2019, foram 25% a mais de lançamentos e para 2020 a expectativa é crescer 80% a mais ante o ano passado em função da expansão das atividades para outras praças. As vendas cresceram 30% no período. “A Yticon, que trabalha no segmento econômico, teve diversos lançamentos (em 2019) e todos performaram muito bem”, avaliou. O grupo londrinense atua também em Curitiba, Maringá (Noroeste) e Campinas (SP).
Yoshii atribui os resultados animadores a uma demanda reprimida gerada durante os anos de recessão e a um ambiente macroeconômico favorável. “Hoje a gente está com juros real praticamente zero e inflação baixa. A gente já teve juros assim, mas com inflação alta. A gente vive uma inflação única no mercado. Não me lembro de um momento tão positivo”, disse. “Historicamente, depois de uma crise profunda, o mercado sempre reagiu e superou os patamares anteriores à crise.”
Além dos números que comprovam o reaquecimento do mercado, a movimentação dos clientes nas centrais de vendas é um bom termômetro da recuperação do setor, afirma o gerente regional da construtora Plaenge em Londrina, Rodolfo Sugeta. “No início de 2019 teve um pouquinho de euforia, depois o mercado deu uma estabilizada e, do terceiro trimestre para a frente já teve esse crescimento contínuo que continua neste primeiro trimestre de 2020.”
Sugeta é cauteloso ao falar sobre a possibilidade de um novo boom imobiliário, como aconteceu no início da década passada, e afirma que o ideal é que haja um crescimento saudável do mercado ao invés de picos, bons ou ruins. “O mercado diminuiu, mas a gente ajustou processos internos para que na hora da retomada a gente estivesse bem preparado para aproveitar as oportunidades.”
O grupo Plaenge mantém negócios em Londrina, Maringá, Curitiba, Campo Grande (MS), Cuiabá (MT), Campinas (SP), Joinville (SC) e, no segundo semestre de 2020, inicia suas operações em Porto Alegre (RS). A construtora também atua no Chile, que representa entre 15% e 20% do volume total de negócios. No ano passado, o grupo aumentou em 32% os lançamentos e a expectativa para este ano é de alta de mais 30%. Em vendas, o crescimento em 2019 chegou a 31% e em 2020 deve subir 15%.
Vendas na Região Sul crescem 48%
No recorte por regiões, o balanço da CBIC coloca a Região Sul do País em destaque em vendas de unidades residenciais. No quarto trimestre de 2019 houve alta de 48,83% ante o mesmo período de 2018, saltando de 3.049 unidades vendidas para 4.538. Em seguida está a Região Centro-Oeste, com uma variação positiva de 25,94%. No acumulado de 2019, as vendas na Região Sul cresceram 16,39% ante o ano anterior. Foram 16.360 unidades residenciais vendidas no ano passado contra 14.056 em 2018.
Londrina não entrou no levantamento, mas o presidente do Sinduscon (Sindicato da Indústria da Construção Civil) Paraná Norte, Sandro Paulo Marques de Nóbrega, ressalta que a cidade demora cerca de seis meses para começar a acompanhar os movimentos do mercado observados nas regiões metropolitanas do País. “Não é uma tradição, é um efeito econômico. Por isso os nossos lançamentos estão previstos para o segundo semestre. Mas tem muitos projetos na prancha, sendo desenvolvidos”, analisou. “O mercado imobiliário precisa de previsibilidade econômica de longo prazo para ter lançamento e temos previsão de 30 empreendimentos a serem lançados no segundo semestre em Londrina.”
Retomada da construção civil é tema de evento em Londrina
O reaquecimento da construção civil e as oportunidades do setor são tema de evento que acontece nesta quarta-feira (4) em Londrina. O encontro, gratuito e exclusivo para convidados, irá reunir empresários do mercado imobiliário e moveleiro, engenheiros e arquitetos. “A ideia é trazer, além de números da construção civil, as tendências do mercado para que os profissionais possam se adequar ao que está vindo”, disse o consultor do Sebrae em Londrina, Rubens Negrão.
Organizado pelo Sebrae em parceria com a High Design, ARQ+ e DW!, o evento acontece das 8h30 às 10h30, no Hub de Inovação do Turismo do Boulevard Londrina Shopping, na avenida Theodoro Victorelli, 150.