Deflagrada na última sexta-feira, a 14ª fase da Operação Lava Jato colocou a Odebrecht, a maior empreiteira do país, no centro do escândalo de corrupção envolvendo a Petrobras.
Batizada de Erga Omnis (que significa “vale para todos”), a ação prendeu executivos da empreiteira, dentre eles o presidente Marcelo Odebrecht. Também foram presos executivos da Andrade Gutierrez.
Veja a seguir os indícios que a Operação Lava Jato tem até agora contra a Odebrecht e o que a empresa tem a dizer:
Delação 1
Um dos indícios contra a Odebrecht, segundo as investigações, é que a empresa aparece em depoimentos de delatores da Operação Lava Jato.
Em um dos seus depoimentos, o delator Dalton Avancini, executivo da Camargo Corrêa, falou sobre a propina paga pela Camargo Corrêa e disse que o dinheiro também era fornecido por outras empresas, dentre elas a Odebrecht.
Delação 2
A suspeita de que a Odebrecht estaria envolvida no esquema de corrupção é reforçada por outra delação. Em um dos seus depoimentos, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, afirmou que recebia dinheiro da Odebrecht em contas no exterior.
Ainda segundo o delator, foi um executivo da empreiteira, Rogério Santos de Araújo, quem sugeriu que ele abrisse uma conta no exterior para receber o dinheiro. Costa disse ainda que a transações tinham o envolvimento do doleiro Bernando Freiburghaus, que vive na Suíça.
Delação 3
Outra delação que aponta para o envolvimento da Odebrecht no esquema é a de Rafael Angulo Lopes, o “carregador de malas” do doleiro Alberto Youssef.
De acordo com o jornal O Estado de S.Paulo, Lopes disse à Lava Jato que o doleiro recebia comprovantes de depósitos feitos pela empreiteira no exterior. Ele inclusive apresentou alguns desses comprovantes aos investigadores.
O próprio doleiro Alberto Youssef disse à Justiça que operacionalizou pagamentos de propina para a Odebrecht.
Um dos principais indícios de envolvimento da empresa no esquema de corrupção na Petrobras, segundo a polícia, é uma troca de e-mails entre executivos da empresa, que inclui o presidente da empreiteira, Marcelo Odebrecht.
Na mensagem, o executivo Roberto Prisco Ramos fala sobre “um sobrepreço” num contrato de sondas (veja o e-mail completo).
Segundo a investigação, o e-mail reforça a tese de que a Odebrecht tinha poder de decisão no esquema.
Bilhete
Preso desde a última sexta-feira, o presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, escreveu um bilhete que chamou a atenção da polícia. Apreendida na carceragem da Polícia Federal, a mensagem falava em “destruir” o e-mail sobre as sondas.
Segundo a advogada de Odebrecht, Dora Cavalcanti, o bilhete foi mal interpretado. Ela disse que o verbo “destruir” foi usado no sentido de “explicar” ou “rebater” o conteúdo do e-mail sobre sondas.
Para a Odebrecht, o delegado da Polícia Federal (Eduardo Mauat, que integra a força-tarefa da Operação Lava Jato), ‘infelizmente optou por dar publicidade e ares de escândalo em um bilhete com simples orientações do cliente para seus advogados’. A empreiteira diz que o delegado feriu ‘a proteção da relação que a Lei garante a todos os cidadãos brasileiros’.
O que diz a Odebrecht?
A empresa nega veementemente envolvimento no esquema de corrupção investigado pela Operação Lava Jato.
Em comunicado publicado na segunda-feira nos principais jornais do país, a Odebrecht nega que haja cartel nos contratos com a Petrobras, e explica o termo “sobrepreço”, usado no e-mail.
Segundo a empresa, a palavra é uma expressão que significa “remuneração contratual”. A expressão vem do termo em inglês “cost plus free” e é “usual no mercado”, explica.
A empresa também considerou desnecessárias as prisões de seus executivos.