A indústria da construção civil vive um momento de expectativa com a terceirização da atividade-fim, revisão fiscal do ICMS e da desoneração da folha de pagamento. De acordo com a Associação das Empresas do Mercado Imobiliário do Amazonas (Ademi-AM), o empresariado precisa avançar nas pautas que são de interesse do setor e da sociedade.

A entidade de classe divulgou nesta quinta-feira (30) a Pesquisa do Mercado Imobiliário Fevereiro 2017, com base nas informações repassadas por empresas no setor, construtores e incorporadores, que totalizam 65 associados. A meta é chegar a 80 associados, neste ano.

Na visão do presidente da Ademi-AM, Romero Reis, terceirizar é conferir índice de produtividade adequado a indústria da construção civil no Brasil. “Seria uma falácia, seria uma mentira dizer que terceirizar vai precarizar a relação de trabalho. Quem defende essa pauta está certamente com interesses escusos e não está falando a verdade. Porque no projeto de terceirização não há um artigo ou qualquer linha que tire benefícios do trabalhador”, explica.

Para Romero, a terceirização também é uma tendência mundial que além de favorecer o desenvolvimento econômico, fomenta a qualificação da mão de obra. “O trabalhador continua com todos os seus direitos e também com os seus deveres. Agora, terceirizar é um a tendência mundial e o Brasil não pode ficar fora dessa tendência, sob pena de andar para trás. Nós precisamos avançar e só assim, realmente gerar os postos de trabalho necessários para o Brasil avançar”, afirma.

Segundo Romero, uma das saídas para a crise está na terceirização. “Eu defendo totalmente a terceirização, por ser um instrumento que já deveria ter sido aplicado da forma como está agora, há muito mais tempo. O Brasil perdeu muito com isso e certamente as pessoas de boa fé, que fazem as avaliações adequadas, sabem que essa lei vai conferir um ganho enorme para as indústrias, para o trabalhador e para a sociedade de maneira geral. Porque a sociedade é instigada a se reinventar, a valorizar o trabalho e não o emprego. Esse é um erro cultural no Brasil, porque nós temos que gerar trabalho, respeitando as leis e os encargos sociais previstos na Constituição”, defende.

Ainda segundo Romero, chegou o momento do trabalho ser valorizado de forma sustentável através da qualificação do trabalhador e a terceirização abre esse novo caminho. “Agora, essa ideia de que a pessoa tenha que receber de qualquer forma, sem produzir, isso não tem sustentabilidade. E só quem defende essa linha, são aquelas pessoas que na verdade não contribuem para a sustentabilidade do sistema. Ele é um parasita, que quer fazer uma ideia individual prevalecer sobre o coletivo, isso nós não podem os aceitar. Portanto, nós somos totalmente favorável que a lei da terceirização seja regulamentada e sancionada pelo presidente da República, da forma com que ela foi aprovada na Câmara dos Deputados”, disse.

No caso da construção civil, um prédio onde existem várias etapas, por exemplo, de fundação, estrutura, revestimentos, pintura, instalações, telhado, impermeabilização todos esses serviços quando são feitos por empresas especializadas o índice de produtividade cresce. “Um pedreiro normal, por exemplo, não faz 10m² de alvenaria estrutural por dia, mas um pedreiro especializado chega a fazer 35m² por dia. Como a produtividade é muito maior, o preço do serviço que ele vai poder prestar é menor, por isso há um ganho do tomador desse serviço especializado”, salienta Romero.

O presidente ratifica que está sendo discutido o direito de escolher por quem está mais qualificado no mercado, recolhendo os encargos trabalhistas dentro da lei em vigor. No entanto, existem sindicatos que são contrários ao movimento em prol da terceirização.

 

Foto: Walter Mendes

 

“Ou seja, o que nós estamos discutindo é o direito de optar por quem é mais produtivo pagando os encargos na form a da lei. Agora, alguns segmentos, algumas pessoas, especificamente, alguns sindicatos têm uma interpretação diferente. Porque ele sente que dessa forma, ele perde o seu poder sobre o trabalhador o que atinge o seu posto e por isso se coloca contra a terceirização por uma questão individual dele, mas não por uma questão da sociedade e é isso que nós querem os esclarecer”, conclui.

O governo federal anunciou o fim de desoneração da folha para quase todos os setores. A desoneração da folha de pagamento será mantida apenas para os setores de transporte rodoviário coletivo de passageiros, de transporte ferroviário e metroviário de passageiros, de construção civil e obras de infraestrutura e de comunicação. “São setores altamente dependentes de mão de obra e vitais para a preservação da recuperação do emprego no país prevista para este ano”, declarou o Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles.

A reversão completa da desoneração reforçará o caixa do governo em R$ 4,8 bilhões neste ano. A medida, no entanto, só deverá valer a partir de julho, por causa da regra que determina que qualquer aumento de contribuição só pode entrar em vigor 90 dias depois da publicação da lei no Diário Oficial da União.

Pesquisa do mercado imobiliário

No Amazonas, o mercado imobiliário continua movimentado. A maior procura é por imóveis com três ou mais quartos em bairros mais estruturados. É o que aponta a Pesquisa do Mercado Imobiliário/Fevereiro 2017, encomendada pela Ademi-AM. “Este levantamento mostra que os consumidores têm ponderado bastante antes de adquirirem seus imóveis e optam quase sempre por um empreendimento maior, mais consolidado e que servirá de residência pra a sua família durante muito tempo”, explicou Romero Reis.

Mais de 49 % de todos os imóveis vendidos estão localizados em bairros de alto padrão, como a Ponta Negra, Dom Pedro e Adrianópolis, revela o levantamento. O bairro que registrou maior número de vendas foi o de Ponta Negra, com 29 novas unidades comercializadas. Ao todo, foram vendidos 157 novos imóveis durante todo o mês de fevereiro, totalizando um Valor Geral de Vendas (VGV) de R$ 64,4 milhões. Em fevereiro, mais de 78 % das vendas referem-se a imóveis de três ou dois quartos, sendo 56 com três dormitórios.

Este é outro dado que confirma a afirmação que aponta as características dos imóveis vendidos. “Ainda de acordo com o levantamento, o preço médio dos imóveis vendidos ficou entre R$ 400 mil e R$ 600 mil. Oito salas comerciais foram comercializadas no mês passado”, pontuou o empresário.

Em Manaus, o preço médio do metro quadrado em fevereiro foi de R$ 5.023, aparecendo em 17ª lugar no ranking nacional, na comparação do valor do m² de outros municípios brasileiros. As cidades com o valor mais caro são Rio de Janeiro (RJ) e São Paulo (SP), com o valor do m² fixado em R$ 10.257 e R$ 8.641, respectivamente. “A Pesquisa do Mercado Imobiliário é feita mensalmente com as informações detalhadas que as empresas, construtores e incorporadores repassam à Ademi-AM”, finalizou o presidente Romero Reis.

Procurado, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil e Montagem do Estado do Amazonas, Cícero Custódio, não se manifestou nem por telefone, nem por WhatsApp (9188-63xx) até o fechamento da matéria.

Deixe seu comentário aqui...