No embalo da retomada na indústria da construção civil a partir de 2018, os setores que mais devem gerar empregos na cadeia são os de sustentabilidade, infraestrutura, mobilidade e habitação.

Como as áreas são macro, as vagas devem abranger uma gama muito grande de profissões. No topo da lista estão as Engenharias e suas especialidades, elas aparecem nos quatro segmentos e estão muito ligadas à construção civil, uma atividade na qual a mão-de-obra humana é necessária e fundamental para a recuperação da economia.

Os sinais de que os próximos anos serão melhores aparecem em várias frentes. O Índice de Confiança da Construção, da Fundação Getulio Vargas, indica que vão aumentar as contratações em 2018. “O avanço não foi grande, mas os resultados representam uma sinalização importante de melhora da atividade da construção nos últimos meses do ano, o que, por sua vez, traz perspectivas mais positivas para o setor em 2018”, avaliou, Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção da FGV IBRE.

A recuperação da atividade deverá ser gerar oportunidades de trabalho em outros segmentos próximos, como saneamento básico, desenvolvimento urbano e mobilidade. O esforço para reduzir o déficit habitacional também será um grande gerador de mão-de-obra. Até 2025, o Brasil precisa construir 14,5 milhões de novos domicílios para suprir essa necessidade, conforme estimativa do Secovi-SP em parceria com a FGV.

Para se beneficiar dessa onda positiva de emprego, no entanto, é preciso estar preparado. Assim como em qualquer segmento, a qualificação é uma exigência. “As vagas que vão crescer são dos profissionais qualificados, os informais não conseguem operar uma máquina cara, é preciso treinamento para isso”, destaca o presidente da Câmara Brasileira da Indústria da Construção, José Carlos Martins.

Entre as profissões que estarão em alta, destaque para o engenheiro projetista, assim como especialistas em automação residencial e técnico em edificação, o novo mestre de obras. Em alta também profissionais ligados à área de sustentabilidade, com experiência em BIM – planejamento e execução usando novas tecnologias.

“Hoje não adianta ser um exímio desenhista para fazer um projeto usando um esquadro. É preciso saber Autocad, que daqui a pouco será totalmente substituído pelo BIM”, avalia Martins.

No último boom da construção civil, dizem os especialistas, a combinação de juro baixo, bastante crédito – até 30 anos para pagar – permitiu que as pessoas comprassem imóveis pagando mais caro pela ineficiência do setor, porque a prestação cabia no bolso. Mas agora a situação é diferente. E essa mudança vai impactar diretamente na hora de contratar profissionais. O mercado vai priorizar a eficiência.

“Se as empresas quiserem vender, vão ter que trabalhar no custo. Elas devem melhorar a eficiência, a produtividade e os profissionais precisam atender à essa demanda”, destaca o presidente da CBIC.

Um dos problemas do setor é o grau de informalidade. Em 2014, no começo da recessão, 57% dos ocupados não recolhiam para a Previdência Social. De lá pra cá, cerca de 1 milhão de vagas com carteira assinada foram perdidas (de 3,3 milhões para 2,3 milhões). Esse contexto aumentou a quantidade de profissionais trabalhando como informais.

Tendências

Para Flavio Amary, presidente do Secovi-SP, as perspetivas são muito boas nos segmentos de Sustentabilidade, Infraestrutura, Mobilidade Urbana. Ele aposta na carreira de Engenheiro Ambiental, com especialização em tratamento de resíduos, replantio, proteção de mananciais, o que é uma tendência mundial. No que se refere à infraestrutura, a demanda por estradas, portos e aeroportos é uma necessidade para permitir o crescimento do país, assim como o aporte em mobilidade é fundamental para a expansão e melhoria de qualidade de vida nas cidades.

“Como em qualquer profissão, a qualificação, as experiências internacionais são bem vistas e rendem melhores colocações e remunerações”, avalia Amary.

Calcula-se que de forma direta, indireta e contabilizando os informais, a cadeia tenha cerca de 12,5 milhões de trabalhadores.

Seja qual for sua capacitação no setor, uma coisa é certa: o mercado está reagindo e terá espaço para profissionais preparados, mais eficientes e de olho nas novas tecnologias.

Profissionais com alta demanda

Sustentabilidade: engenheiro de sustentabilidade, engenheiro ambiental, especialista em tratamento de resíduos, especialista em replantio, especialista em proteção de mananciais, especialista em reutilização de materiais, especialista em gestão de resíduos sólidos e especialista reaproveitamento de águas

Infraestrutura: engenheiros especialistas em construções de estradas, portos e aeroportos, topógrafo agrimensor, arquitetos, engenheiro projetista, técnico ambiental, advogado especialista em direito ambiental

Mobilidade: engenheiros e arquitetos especialistas em arquitetura urbanística, engenheiro projetista, técnico em segurança do trabalho, engenheiro de transporte

Habitação: pedreiro, encarregados, serventes, eletricistas, carpinteiros, mestre de obras, técnico em edificações, engenheiro civil, automação residencial, engenheiro BIM especializados em planejamento e execução, designer de interiores

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