A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) divulgou, nesta semana, que prevê crescimento de 2,5% para o setor da construção durante o ano de 2023. A projeção considera o ritmo de três anos consecutivos de expansão do segmento acima da economia nacional, além do ciclo de negócios do mercado imobiliário em andamento e da demanda habitacional sólida, segundo o presidente da instituição, José Carlos Martins.
Ele avalia que, nos próximos anos, os investimentos no setor devem permear, em especial, a área de infraestrutura, e que, embora a perspectiva e os números sejam positivos, o crescimento ainda continua 19,6% abaixo do que a atividade já apresentou.
Ao analisar o desempenho da construção neste ano e as perspectivas para 2023, Martins destacou a necessidade de aumentar a participação da construção civil no PIB nacional (que vem diminuindo nos últimos anos) para o país crescer de forma mais sustentada. Para exemplificar essa performance, ele citou os dados de 2012, em que a construção representava 6,5% do PIB total no país, e de 2021, ano em que o percentual caiu para 3,3%. Segundo Martins, nos países desenvolvidos, essa participação é em torno de 7%.
“Essa é uma decisão estratégica. Para fazer com que o país cresça realmente, para que ele tenha desenvolvimento social e humano, é necessário investimento para gerar resultado futuro para as pessoas”, ele disse, ao explicar que o foco deve ser direcionado para quatro pontos: produtividade, competitividade, sustentabilidade e construção com desenvolvimento social. “É prioritário que o nosso setor seja mais produtivo, que a competitividade setorial aumente e, para isso, é preciso o desenvolvimento tecnológico. Para ter desenvolvimento tecnológico, é preciso capacitar, inovar, incorporar muita tecnologia de gestão”, afirmou.
RETROSPECTIVA DO SETOR
Ao realizar um levantamento dos dados relativos aos últimos dois anos, a CBIC afirmou que a construção civil cresceu 17,7% ante 8,2% da economia nacional. Considerando os últimos 12 meses até setembro desde ano, o crescimento foi de 8,8%.
Já no fechamento de 2022, o setor deverá registrar incremento de 7% em seu PIB, superando a projeção anterior de 6%.
A economista Ieda Vasconcelos, da CBIC, responsável pelo levantamento dos dados, destacou que a abertura de novas vagas de trabalho também foi bastante positiva, refletindo diretamente o bom desempenho do setor em seu mercado de trabalho. Isso porque, em pouco menos de dois anos, a construção civil gerou mais de meio milhão de empregos com carteira assinada.
“Os bons resultados do mercado de trabalho da construção foram registrados em todas as regiões, mostrando que o melhor desempenho do setor está disseminado pelo país”, pontuou Ieda. Com exceção de Roraima, todos os estados registraram saldo positivo na geração de novas vagas, considerando o acumulado de janeiro a outubro deste ano. São Paulo (71.063), Rio de Janeiro (33.410), Bahia (24.479), Minas Gerais (24.071) e Santa Catarina (17.075) apresentaram os melhores resultados no período. Entre as cidades com mais vagas criadas estão São Paulo (30.330), Rio de Janeiro (14.842), Salvador (10.106), Brasília (8.047) e Fortaleza (6.641).
Com relação ao custo com materiais e equipamentos de construção, houve aumento de 52,50% de julho de 2020 a novembro de 2022, segundo o Índice Nacional de Custo da Construção (INCC), calculado e divulgado pela Fundação Getulio Vargas. No mesmo período, a inflação oficial do país registrou aumento de 20,82%.
Desde junho de 2022 observa-se uma desaceleração das elevações do custo da construção, que se justifica pela menor variação do custo com materiais.