A casa própria, principal sonho do brasileiro, é um exemplo desse novo comportamento. Nos últimos dez meses, houve aumento de 45,6% na entrada de novos participantes nos consórcios de imóveis em relação ao mesmo período de 2014. Também nos veículos leves como automóveis, utilitários e camionetas, e nos veículos pesados, que incluem caminhões, tratores e implementos rodoviários e agrícolas, as altas foram de 12% e 10,6%, respectivamente, no total de adesões, no mesmo espaço de tempo.
– Trata-se da comprovação de que, ao planejar financeiramente o futuro, é possível seguir investindo e realizando objetivos, ainda que vivenciando uma crise econômica – diz Paulo Roberto Rossi, presidente-executivo da Abac.
Segundo Rossi, “se as dificuldades parecem intermináveis para muitos, especialmente para os endividados, para outros talvez seja a melhor ocasião para projetar os próximos anos ao equilibrar receita e despesa, praticando o consumo responsável com vistas à aquisição de imóvel ou veículo, ou até mesmo a realização de projetos em educação, turismo, saúde e estética ou em reformas residenciais por meio do consórcio”.
No balanço de janeiro a outubro deste ano houve alta também nas contemplações. Com mais 5,4% sobre os 1,12 milhão de consorciados registrados em 2014, a marca chegou aos 1,18 milhão em 2015.
A movimentação financeira do sistema acumulada no período somou R$ 72,57 bilhões (de janeiro a outubro de 2015) em créditos comercializados, 16,6% mais que os R$ 62,24 bilhões (de janeiro a outubro de 2014) anteriores. Na disponibilização de créditos, quando das contemplações, houve R$ 34,04 bilhões (de janeiro a outubro de 2015), 9,6% mais que os R$ 31,06 bilhões (de janeiro a outubro de 2016) de um ano antes.
– Importante observar que os totais deste ano, em ambas situações, são superiores aos de 2014, indicando procura por créditos maiores, apesar das dificuldades econômicas enfrentadas – analisa Rossi.
O volume de participantes ativos consolidado chegou a 7,13 milhões em outubro último, 1,4% mais que os 7,03 milhões, registrados naquele mês de 2014.
Com a instabilidade econômica, confirmada pela queda de 1,7% só no terceiro trimestre e ratificada pelo encolhimento do PIB em 5,8%, ainda sem perspectiva de rápida reversão em sua tendência, não permite que seja feita uma projeção positiva para o Sistema de Consórcios em 2016.
Do ajuste fiscal à redução da inflação, agravados pela alta taxa de juros praticada e pelo aumento do desemprego, o brasileiro tem procurado amoldar seu bolso aos obstáculos provocados pela crise.
– Desta forma, estimamos que, se os consórcios repetirem o mesmo desempenho ocorrido neste ano já será um ganho para todos, inclusive para os demais elos da cadeia produtiva – explica Rossi
Para a Abac, “o amadurecimento das atitudes do consumidor, que tem feito do consórcio uma espécie de poupança com objetivo definido, permite esperar pequenas variações, ora positiva ora negativa, resultando, na média, em estabilidade para os indicadores da modalidade”, completa o presidente.
O Sistema de Consórcios, direta ou indiretamente, emprega milhares de empregos e presta importante contribuição ao desenvolvimento da indústria, comércio e prestação de serviços.
Face à grande diversidade de planos, os consórcios possibilitam a aquisição de bens ou contratação de serviços de valores variados pelos consumidores de todas as classes sociais, propagando cada vez mais necessária política inclusiva no Brasil. Ou seja, esse mecanismo, com uma história de mais de 50 anos no país, permite amplo acesso da população ao consumo.
Por se tratar de uma modalidade de autofinanciamento, no qual os participantes constroem sua própria poupança a baixo custo, os consórcios dispensam a utilização de dinheiro público, já que os consumidores se financiam e se concedem crédito mutuamente.
Recente levantamento, feito pela assessoria econômica da Abac junto às administradoras que atuam no setor de eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis, apontou que a utilização dos créditos concedidos a consorciados contemplados é equilibrada entre os principais produtos consumidos.
Análise setorial assinalou que eletrodomésticos, como refrigeradores, fogões, lavadoras, ficaram em primeiro lugar com 36,5%, enquanto os eletrônicos, que incluem celular, notebook, câmeras, atingiram 29,8%. Os móveis, composto por estofados, cozinhas, dormitórios, chegou aos 24,9%. No item outros, como bicicletas elétricas, ficaram os demais 8,8%.
Entre os mais de 30 mil participantes ativos, cujo objetivo é mobiliar, modernizar ou decorar suas residências, a predominância é masculina com 56,2%. As mulheres somaram 43,8%.
Para Rossi, “os eletroeletrônicos e outros bens móveis duráveis tem uma história de mais de trinta anos nos consórcios. Os participantes revelam que por meio da modalidade podem, periodicamente, manter seus eletrodomésticos atualizados, além de realizar o objetivo de terem suas casas mobiliadas e confortáveis visando usufruí-las com a qualidade de vida desejada”.