Em um ano de forte desaceleração na construção civil, o número de lançamentos de empreendimentos imobiliários recuou 49,55% entre janeiro e setembro, segundo pesquisa lançada ontem pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado de Minas Gerais (Sinduscon-MG). O recuo nos lançamentos está atrelada à queda nas vendas, segundo a entidade. Tal cenário acarreta em “demanda reprimida”, segundo o presidente do sindicato André de Sousa Campos, que, diante disso, projeta cenário de recuperação a partir de meados de 2016. Outro fator que pode servir para alavancar o setor é a definição das regras da terceira fase do programa Minha casa, minha vida, previsto para ocorrer no mês que vem.
A pesquisa do mercado imobiliário mostra que de janeiro a setembro deste ano foram lançadas 1.795 unidades, enquanto em igual período do ano passado os lançamentos somaram 3.558 unidades. Detalhe: muitos lançamentos do ano passado foram feitos no último trimestre, segundo o Sinduscon-MG, enquanto para o atual intervalo a perspectiva é de um volume bem menor, o que deve acentuar a queda de lançamentos. A expectativa é de que no fechamento do ano a queda esteja acima de 60%.
A avaliação do setor é que isso deve resultar em adequação de estoques com a manutenção do atual patamar de compras. A partir principalmente do segundo semestre, a tendência, afirma Campos, é de que os consumidores, que adiaram a compra em função da crise econômica do país, finalmente decidam pelo investimento. “É o melhor momento da história para comprar imóvel”, afirma Sousa Campos, considerando as possibilidades de negociação em função do atual cenário econômico.
A avaliação do presidente do Sinduscon-MG é de que os investidores que decidiram comprar imóveis em 2010 fizeram-no “no momento errado”. A explicação dada é que muitas pessoas aproveitaram o “efeito manada” para adquirir um apartamento à época, mas que os preços estavam no patamar mais alto. Hoje, diz ele, a situação é inversa. A demanda desaquecida cria boa oportunidade de compra e, por se tratar de um “bem de consumo necessário”, ele considera inevitável a retomada.
Outra possibilidade vislumbrada por ele é que o lançamento da nova fase do Minha casa, minha vida propicie aumento de demanda de imóveis de baixa renda. No caso de um programa com regras interessantes para construtores e consumidores, André de Sousa Campos considera possível que o investimento possa ter a mesma importância da segunda fase do programa para alavancar a economia depois da crise internacional de 2008.
Um dos argumentos da entidade para o governo promover incentivos para o setor é que a construção traz consideráveis investimentos indiretos. Estudos indicam que a cada R$ 10 milhões investidos no setor são criadas 391 vagas de emprego. “Pode ser uma forma de ajudar a tirar o governo da situação difícil. À medida que se tem um programa robusto, atrativo, pode voltar a gerar emprego”, afirma o presidente do Sinduscon-MG.
OFERTA DE IMÓVEIS
Pela pesquisa imobiliária, entre as sete faixas de valor que são diferenciadas, duas delas concentram a maior oferta de imóveis em Belo Horizonte. Ao todo, 4.748 unidades estão à venda na capital e em Nova Lima, sendo que 51% delas estão nas categorias standard e médio, correspondente às faixas de R$ 250 mil a R$ 400 mil (1.430 apartamentos e casas) e de R$ 400 mil até R$ 700 mil (1.001 unidades).
Pelo lado da oferta, o preço médio do metro quadrado é de R$ 7.016, sendo que o valor médio dos imóveis é de R$ 548 mil. Os valores variam de acordo com o número de dormitórios. Na próxima edição da pesquisa, também será disponibilizado o valor médio pago na compra, sendo possível saber o preço efetivo do imóvel adquirido