A metodologia BIM (Building Information Modeling) está na pauta de profissionais responsáveis pelo desenvolvimento de empreendimentos de arquitetura e de engenharia há anos, mas alguns fatores políticos e econômicos fizeram esse termo se popularizar e se transformar em um dos grandes desafios do país em 2018.
O BIM vem se desenvolvendo e se popularizando no mundo, com alguns destaques para a Costa Rica, que é referência no uso da tecnologia e o Chile, que foi pioneiro na adoção do modelo na América do Sul. Esse movimento global impulsionou diversos países a se moverem para atender esse crescimento, colocando o Brasil na rota de desenvolvimento e adoção da metodologia informacional.
O que é BIM?
Revolucionando todo o processo construtivo, desde o projeto até o pós-obra e avaliação, o Building Information Modeling (BIM) possibilita melhoria da qualidade técnica e da gestão de empreendimentos e obras, elevando a produtividade na construção e garantindo a maior eficiência e transparência tanto para o mercado privado quanto para obras públicas.
É importante ressaltar que BIM não é um software. É uma tecnologia implementada em um software e o conceito de modelagem de informações da construção gera um controle sobre todas as etapas da construção e vida útil da obra.
O BIM provou ao longo dos anos os benefícios para a gestão dos projetos, organizando todos os times e o processo de construção como um todo, reduzindo boa parte dos erros informacionais e o desperdício, além de melhorar o fluxo completo da obra, seguindo o conceito de construção de forma estruturada.
BIM no Brasil
No Brasil, o conceito vem se desenvolvendo ao longo dos anos, considerando uma curva de desenvolvimento econômico do país. Algumas entidades como BNDES e o Exército Brasileiro já trabalham com os projetos BIM de forma regular, reforçando o conceito do modelo e transformando o ecossistema de fornecedores e parceiros ao seu redor.
O Governo Federal vai exigir uso do BIM a partir de 2021. A medida faz parte da Estratégia Nacional de Disseminação do BIM no Brasil e deve ser publicada até Julho desse ano. No dia 17 de Maio de 2018, o Presidente da República, Michel Temer, assinou um decreto que tem a finalidade de promover um ambiente adequado ao investimento da tecnologia, além de incentivar seu uso em âmbito nacional.
De acordo com estudos contratados pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), a expectativa é de que haja um aumento de 10% na produtividade do setor e uma redução de custo que pode chegar a 20% com a utilização da metodologia BIM.
Outro fator que impulsiona a metodologia é o caso de normativas como a ABNT, que já publicou as primeiras normas de BIM no Brasil e tem exigido a utilização do modelo em diversas aspectos.
Douglas Carnicelli, diretor de operações Autodesk na AX4B, consultoria especializada em soluções Autodesk e projetos de BIM, ressalta que a adoção do modelo é de alto impacto para o futuro das obras de engenharia, arquitetura e infraestrutura.
“O mercado vem evoluindo no que diz respeito ao modelo BIM. Com a experiência que tenho no mercado com as soluções Autodesk, pude notar que os projetos com a aplicação do conceito e o apoio de tecnologias como o Revit, AutoCAD e Infraworks tem gerado ganhos de produtividade e grande redução de desperdícios nas obras. Tenho casos onde foi possível reduzir até 22% no custo de construção e eliminação de até 44% em retrabalhos”, afirma o executivo.
O modelo BIM está em um cenário propício para o crescimento acelerado no Brasil. Levando em consideração a necessidade de diversas obras de infraestrutura e construção, onde é preciso melhorar a produtividade de entrega e reduzir custos, tornar o BIM um aliado com tecnologias que suportam o modelo é essencial para atender essas demandas e transformar o conceito de construção de forma estratégica. O decreto assinado pelo presidente e a obrigação de utilização do modelo até 2021 reforça que as empresas não podem mais ignorar esse modelo e precisam iniciar o quanto antes uma revisão de tecnologia, processos e projetos de construção.
“Acredito que esse caminho é algo sem retorno e todas as empresas, sejam elas Projetistas, EPCistas, Engenharia, Arquitetura, entre outras, que são e/ou pretendem ser prestadoras de serviços para governo federal, a partir de agora deverão ter em mente que os projetos passarão a ser mandatórios em BIM. Isso abre um espaço enorme para que possamos desenvolver o mercado de empresas privadas e continuar apoiando o governo com soluções tecnológicas a favor do desenvolvimento”, finaliza Douglas Carnicelli.