Setor precisa preencher mais de 4,4 milhões de vagas até 2027 e ganha programa nacional de capacitação com foco prático, adaptado à realidade dos canteiros
O setor da construção civil deu um passo importante para enfrentar um dos seus principais desafios atuais: a escassez de mão de obra qualificada. Nesta sexta-feira (11), durante o Encontro Internacional da Indústria da Construção (ENIC), realizado em São Paulo, a Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) e o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) lançaram oficialmente o Plano Nacional de Capacitação da Construção Civil.
A iniciativa é uma resposta direta à crescente demanda por profissionais capacitados, especialmente em um momento em que a construção figura como o segundo setor com maior projeção de geração de empregos no Brasil, segundo o Mapa do Trabalho Industrial do SENAI. A estimativa é de que mais de 4,4 milhões de vagas precisarão ser preenchidas até 2027.
Além de responder a essa necessidade, o plano visa aumentar a produtividade das obras com formações adaptadas à realidade dos canteiros e à demanda prática das empresas. De acordo com o superintendente de Educação Profissional e Superior do SENAI, Felipe Morgado, a proposta foi construída com foco em metodologias flexíveis, práticas e alinhadas com o dia a dia dos trabalhadores.
Solução concreta para um problema real
Durante o evento, o presidente da CBIC, Renato Correia, destacou que o plano representa um marco importante para o setor, ao reunir esforços concretos de diversas frentes para enfrentar uma dificuldade antiga: a falta de mão de obra qualificada. Segundo ele, a parceria com o SENAI abre espaço para transformar vidas e melhorar significativamente os índices de produtividade no setor.
Para o diretor-geral do SENAI Nacional, Gustavo Leal Sales Filho, a missão da instituição é justamente adaptar sua metodologia às necessidades reais das empresas e levar esse tipo de capacitação a todas as regiões do país, garantindo impacto positivo tanto para trabalhadores quanto para empregadores.
Formação de base e evolução profissional
A proposta oferece trilhas formativas que vão desde o nível inicial até cargos de maior responsabilidade, como mestres de obra. Um dos eixos principais, chamado “Aprendendo a Construir”, será desenvolvido diretamente nos canteiros de obras, respeitando o ritmo e o contexto de cada equipe, sempre com o envolvimento de lideranças do setor.
Segundo o diretor de Gente do Sinduscon-SP, David Fratel, a iniciativa surge em um momento estratégico, diante da escassez de mão de obra e da baixa atratividade da profissão. Ele acredita que o plano oferece um caminho real de crescimento profissional dentro das empresas.
Representando o Ministério do Trabalho e Emprego, Luciana Nakamura observou que a proposta está alinhada com as diretrizes da pasta voltadas à promoção de empregos formais, sustentáveis e de qualidade. Ela também reforçou o compromisso do governo em apoiar a aplicação do plano, sobretudo no mapeamento de públicos prioritários para a qualificação.
Compromisso institucional e mobilização nacional
Construído com o apoio de lideranças empresariais e técnicas, o plano representa um esforço coletivo para estruturar uma base sólida de formação profissional contínua. O vice-presidente de Relações Trabalhistas da CBIC, Ricardo Michelon, relembrou que a parceria com o SENAI nasceu de uma reunião direta e objetiva, que rapidamente evoluiu para um projeto com grande potencial de impacto no setor.
O lançamento ocorreu dentro da programação do ENIC 100, evento realizado pela CBIC em parceria com a RX | Feicon e apoio do Sistema Indústria. A iniciativa conta ainda com o patrocínio da Caixa Econômica Federal, Governo Federal, Saint-Gobain, Sebrae Nacional, Mútua, entre outras instituições ligadas à cadeia produtiva da construção.
Com ações estruturadas, apoio técnico qualificado e articulação entre empresas, sindicatos e instituições, o Plano Nacional de Capacitação da Construção Civil inaugura um novo ciclo de qualificação, empregabilidade e valorização profissional — pilares indispensáveis para o futuro do setor no Brasil.