Participei, recentemente, num seminário organizado pelo Núcleo de Estudantes de Engenharia e Gestão Industrial do Instituto Superior Técnico, no Taguspark, sobre as perspectivas de futuro da engenharia e gestão industrial.

As reflexões que considero mais relevantes para essa análise contemplam a avaliação das potencialidades deste universo de conhecimentos na sua inter-relação com as alterações tecnológicas que advirão com a indústria 4.0.

A engenharia e gestão industrial apresenta, neste âmbito de análise, desde logo, uma vantagem clara: integra as componentes de engenharia com as de gestão. Pela engenharia, seremos capazes de compreender e atuar nos domínios da física e da química, interiorizar as tecnologias associadas e utilizar a base matemática adquirida na utilização de algoritmos complexos.

No âmbito da gestão aprendemos a conviver com processos de decisão suportados em bases de dados cada vez mais complexas e sofisticadas e adotar os algoritmos de tomada de decisão mais adequados.

A importância das várias áreas de gestão nas empresas, modernas e globalmente competitivas, tem evoluído ao longo do tempo. A supremacia da função financeira, vigente em meados do século XX foi substituída pela função marketing no final desse século.

No início do atual século XXI, assistimos à preponderância da função sistemas de informação e, no momento atual, à atenção prioritária atribuída à inovação e ao desenvolvimento tecnológico.

A indústria 4.0, que trata dos sistemas ciberfísicos, suportados em “big data”, a internet das coisas, o “cloud computing”, sensores inteligentes, inteligência artificial e a digitalização de processos, vem criar um novo ecossistema de funcionamento das organizações.

Vimos assistindo, neste movimento disruptivo, a uma evolução da prevalência da inovação nos produtos para uma inovação nos processos e no posicionamento, situação em que a conjugação dos conhecimentos de engenharia e de gestão se tornam uma mais-valia clara para as empresas.

Verificamos, ainda, uma maior atenção e importância estratégica à função logística e de operações e ao desenvolvimento de parcerias e redes empresariais, de partilha de conhecimento, nos domínios da inovação, das tecnologias e dos novos mercados. A envolvente das organizações, nesta nova realidade, também se alterou, com a análise estratégica aplicada a meios envolventes mais alargados – cidades e regiões, inteligentes e sustentáveis, em termos econômicos, sociais e ambientais.

Os novos paradigmas, nas áreas da energia, saúde e mobilidade, apresentarão, também, novos desafios que exigirão conhecimentos integrados de engenharia, tecnologia e gestão. Como afirmei, ao núcleo de alunos do Técnico que me convidaram para participar neste encontro, este seria o curso que eu escolheria se entrasse agora para a universidade.

Porque o futuro, com os conhecimentos que aí adquiriria, seria um desafio aliciante, para viver e vencer.

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