Os recentes casos de desabamentos – queda do telhado de uma escola infantil de Agudos e o incêndio e desmoronamento de edifício em São Paulo – acenderam alerta para as condições estruturais de imóveis instalados em Bauru. Tanto que a Defesa Civil da cidade iniciou uma blitz para inspecionar, inicialmente, cinco escolas: quatro municipais e uma estadual.

O pedido de inspeção partiu das próprias instituições, uma vez que existe a preocupação em tomar medidas preventivas com objetivo de evitar acidentes. Além das unidades escolares, contudo, a prefeitura deve estender a operação a outros imóveis alvos de interdições já feitas anteriormente e que, portanto, ainda inspiram cautela.

Malavolta Jr.
Sidnei Rodrigues: “Sempre quando tem alguma tragédia ou acidente igual o que ocorreu em Agudos e em São Paulo, com grande destaque na mídia, aumenta a quantidade de solicitações”

Coordenador da Defesa Civil local, Sidnei Rodrigues destaca que o número de pedidos de vistorias aumentou depois dos desabamentos. Ele revela que, em menos de duas semanas, o órgão recebeu cinco demandas, todas de escolas de Bauru, sendo que o comum para este período de tempo é de, em média, duas solicitações.

“Sempre quando tem alguma tragédia ou acidente igual o que ocorreu em Agudos e em São Paulo, com grande destaque na mídia, aumenta a quantidade de requerimentos de inspeções em imóveis, pois os casos acabam gerando um alerta. Não é comum receber pedido de cinco instituições em menos de 15 dias, como aconteceu”, frisa.

A Escola Municipal de Educação Infantil Integrada (Emeii) Wilson Monteiro Bonato, localizada no Jardim Europa, é uma das unidades que solicitaram vistoria da Defesa Civil, cuja avaliação se deu na última quarta-feira (2). Segundo Rodrigues, foi preciso interditar trecho onde houve infiltração em duas lajes que compõem um dos corredores do prédio.

“Houve uma corrosão da armadura dessas estruturas e, portanto, não está tendo impermeabilização”, explica o coordenador. Secretária municipal de Educação, Isabel Miziara disse à reportagem que iria entrar em contato com os engenheiros do órgão para discutir o que deve ser feito no local. Ela reforça que a interdição não comprometeu as aulas.

MAIS IMÓVEIS

As outras quatro unidades escolares serão vistoriadas nos próximos dias, bem como alguns imóveis que representam riscos de acidentes. Entre eles, o prédio que pertence ao INSS, localizado na primeira quadra da rua Presidente Kennedy. Conforme o JC noticiou, está sendo elaborado estudo técnico sobre a viabilidade de demolição do imóvel, que, após desocupação em 2009, passou a servir como abrigo e local de uso de drogas, além de atos de depredações.

Outro alvo de nova inspeção será o prédio abandonado na quadra 15 da rua Vivaldo Guimarães, Jardim Nasralla, próximo ao Bosque da Comunidade, fato também noticiado pelo Jornal da Cidade. Deteriorada após as obras serem paralisadas há mais de 20 anos, a construção de sete andares foi responsável por um acidente durante a forte chuva de 24 de janeiro deste ano.

OFÍCIO

Procurada pela reportagem, a Secretaria Municipal de Planejamento (Seplan) informou que não houve registro de demandas referentes a inspeções de imóveis. Já o Corpo de Bombeiros deve enviar, a partir desta semana, ofício em caráter de alerta para a prefeitura local e de cidades da região, solicitando a verificação dos prédios municipais.

Samantha Ciuffa
Tenente Eduardo de Souza Costa diz que bombeiros solicitarão que as prefeituras verifiquem os prédios municipais

“Trata-se de uma ação periódica, realizada ao menos duas vezes por ano. É um reforço do que já enviamos às prefeituras no começo deste ano e que iremos encaminhar novamente até dezembro”, destaca o tenente dos bombeiros Eduardo de Souza Costa.

‘Pente-fino’ em prédios tombados

A Polícia Civil está apertando o cerco a imóveis tombados na cidade. “Estou agendado com a minha equipe uma data para fazermos um ‘pente-fino’ nos prédios tombados de Bauru ainda neste mês. Inclusive, o caso de São Paulo reforçou o que eu venho falando: é necessário fazer essas vistorias para evitar tragédias”, informa o titular da Delegacia do Meio Ambiente e do 3.º Distrito Policial, Dinair José da Silva.

Inclusive, em novembro passado, um inquérito foi instaurado para apurar as responsabilidades sobre o suposto abandono do Hotel Milanez, um dos mais famosos pontos históricos do município, em plena região central de Bauru.

Sobre este caso, o delegado informa que o inquérito está para ser concluído e relatado ao Judiciário.

Indústrias e usinas fiscalizadas

Gerente do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Estado de São Paulo (Crea), região de Bauru, Paulo Eduardo de Grava disse que a entidade realizou uma blitz nas regiões de Bauru, Marília e Ourinhos, de 26 a 30 de abril, com foco em área ambiental. Ao todo, 166 estabelecimentos, sendo 48 somente na região de Bauru, foram fiscalizados.

As principais irregularidades encontradas são a falta de registro de profissionais junto ao Crea-SP (50 pessoas) e falta de registro da empresa junto ao Conselho (108). “Os estabelecimentos fiscalizados foram principalmente usinas de açúcar e álcool, hidroelétricas, mineradoras, grandes produtores agrícolas, indústrias, produtores, entre outros. As fiscalizações seguem cronograma periódico”, explica Grava.

Nacho Doce/Reuters
Na madrugada da última terça-feira (1), após incêndio, um edifício de 24 andares desabou no Largo do Paissandu, no Centro de SP; bombeiros seguem até o momento trabalhando no local

 

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